sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Os olhos são reveladores!


Os olhos são reveladores! E o são muito mais do que podemos imaginar. Não é em vão que muitas pessoas evitam fitar as outras, têm medo de manter os olhos nos olhos enquanto conversam. O olhos podem revelar amores, dores, inseguranças, qualidade do caráter, medos, mentiras, desejos... 

Os olhos são o link entre o cérebro e o mundo externo, entre o corpo e a alma.

E agora cientistas também afirmam que:


Olhos podem revelar esquizofrenia

Psiquiatras britânicos desenvolvem testes que diagnosticam o transtorno mental a partir do movimento ocular


Paloma Oliveto - Correio Braziliense

Publicação: 30/11/2012 08:44 Atualização: 30/11/2012 08:53





Prêmio Nobel de Ciências Econômicas e um dos maiores matemáticos da história dos Estados Unidos, John Nash começou a acreditar em coisas muito estranhas quando chegou à casa do 30 anos. Ele achava, por exemplo, que era o imperador da Antártida e pensava ser capaz de decifrar mensagens codificadas nas páginas do jornal The New York Times. O gênio foi dominado por uma doença mental altamente incapacitante, que acomete 1% da população mundial: a esquizofrenia.

Delírios e alterações do pensamento são sintomas marcantes desse distúrbio. Mas há outra característica que pode ser facilmente reconhecida nas entrevistas concedidas à televisão por Nash, que inspirou o filme Uma mente brilhante (2008). O olhar inquieto, que não se fixa no interlocutor e faz movimentos rápidos e descoordenados, é uma particularidade dos esquizofrênicos. Um exame dessas alterações poderá se tornar o primeiro método de diagnóstico físico da doença, que, até agora, é identificada apenas pela anamnese (entrevista feita pelo profissional de saúde com o objetivo de avaliar um paciente).

Em uma pesquisa publicada na revista Biological Psychiatry, psiquiatras britânicos conseguiram diagnosticar pacientes de esquizofrenia com mais de 98% de precisão baseados apenas em testes visuais. “Os pacientes não parecem ver o mundo da mesma forma que indivíduos saudáveis. Eles têm um olhar que não se fixa, que demora a seguir objetos em deslocamento, mas, depois que alcança a trajetória, os movimentos se tornam rápidos e bruscos”, diz o principal autor do estudo, Philip Benson, do King’s College London e da Universidade de Aberdeen.

Benson lembra que, já em 1908, esse padrão ocular anormal foi notado em pacientes psicóticos pelo psiquiatra Allen Diefendorf e pelo psicólogo Raymond Dodge, que desenvolveram testes para investigá-lo. Porém, o rastreamento dos movimentos dos olhos era feito com um pêndulo — o indivíduo precisava seguir o vaivém do objeto —, enquanto, na pesquisa britânica, foram usadas imagens do dia a dia, sem que os cientistas precisassem orientar a direção que os participantes deveriam seguir. “O resultado com imagem é muito mais convincente e, talvez, mais informativo, porque é fruto de um movimento ocular natural”, acredita.

Testes

Os pesquisadores fizeram três tipos de testes. Em um deles, os participantes tinham de manter a cabeça ereta e seguir com os olhos, o mais suavemente possível, uma linha que se movia em uma tela. Outro experimento apresentava fotos como paisagens, pessoas e alimentos, e o voluntário só precisava olhar para elas, sem acompanhar um padrão fixo. Por fim, os participantes deviam fixar os olhos em um ponto por alguns segundos e se nesse meio tempo aparecesse outro ponto, ignorá-lo. “Esse último é bem fácil de entender e todo mundo pode fazer. Usamos como substituto para um teste muito mais difícil aplicado em outros laboratórios, que costuma confundir os pacientes”, relata Benson.

Enquanto participavam dos exames, os pacientes tinham os olhos filmados e analisados por um software de computador, que traçava um caminho a partir dos pontos nos quais as pessoas haviam fixado o olhar. Os resultados (veja arte) não deixaram dúvidas de que esquizofrênicos têm um padrão de movimento ocular bastante diferente do de pessoas saudáveis e não conseguem se fixar em um objeto por muito tempo, como ficou claro principalmente no último teste. A análise dos exercícios visuais foi feita pelos pesquisadores sem que eles soubessem de quem eram os exames. Ao combinar o resultado dos três experimentos, eles chegaram ao índice de 98,3% de precisão diagnóstica. Houve, inclusive, casos de pessoas que estavam no grupo de controle e, depois de fazer os testes, a esquizofrenia foi detectada. O contrário também ocorreu, com quatro pacientes tidos como esquizofrênicos, mas que apresentaram um desempenho que os colocava na fronteira entre o distúrbio e a normalidade.

Philip Benson explica que, do ponto de vista clínico, a pesquisa ainda não traz benefícios diretos para os pacientes. Mas ele destaca a importância dos resultados para detectar pessoas em risco. Acredita-se que a esquizofrenia tem componentes hereditários. “Uma vez que entendermos melhor como são os padrões específicos de movimentos oculares de esquizofrênicos e de pacientes que sofrem de outras doenças, como depressão e bipolaridade, poderemos ajudar os médicos a testar as pessoas que estão em risco e desenvolver planos de tratamento para elas”, afirma.

Apoio
O psicólogo Elizeu Coutinho de Macedo, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento da Universidade Presbiteriana Mackenzie, concorda que um marcador para a esquizofrenia poderá ser importante para o diagnóstico precoce. “Se tenho um paciente esquizofrênico, será que o filho dele tem probabilidade de desenvolver o surto? O diagnóstico precoce ajuda no acompanhamento, desde a informação aos trabalhos de suporte”, afirma.

Em 2007, Macedo publicou um artigo no qual também analisa os movimentos oculares de esquizofrênicos. O trabalho, pioneiro no Brasil, replicou métodos utilizados em estudos estrangeiros. Um dos interesses do psicólogo no padrão de exploração visual dos esquizofrênicos é que avaliações importantes da psicologia, chamadas testes projetivos, podem ser mal interpretadas no caso desses pacientes. Nos testes, o psicólogo apresenta pranchas com imagens e a pessoa deve dizer o que vê ali. Embora não exista resposta certa ou errada, o terapeuta consegue analisar a interpretação e, assim, avaliar o paciente. “Como, na esquizofrenia, o padrão visual é reduzido, pode-se chegar a uma conclusão errada, como dizer que a pessoa tem problemas de memória”, explica.

O psicólogo ressalta, entretanto, que o autismo e alguns distúrbios mentais, como depressão e transtorno bipolar, também fazem com que os portadores apresentem movimentos oculares diferentes. “Seria interessante incluir em pesquisas outros grupos de pacientes”, afirma. Essa também é a opinião de John H. Krystal, psiquiatra da Universidade de Yale e editor da Biological Psychiatry: “É encorajador ver o alto grau de sensibilidade desse modelo de diagnóstico. Será interessante constatar se essa abordagem permitirá aos investigadores clínicos distinguir pessoas com esquizofrenia daqueles indivíduos com outros distúrbios psiquiátricos”. Philip Benson garante que já está fazendo isso: “Temos evidências ainda não publicadas de que nossos testes também poderão identificar o transtorno bipolar”.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Primeira BH Beatle Week promete movimentar a capital mineira!



Começa no dia 28 de novembro e se estende até 01 de dezembro de 2012, em Belo Horizonte, a primeira BH Beatle Week, que vai reverenciar a inesquecível banda de Liverpool, The Beatles.

O festival é uma extensão oficial da International Beatle Week, organizada anualmente na Inglaterra pelo Cavern Club. A edição deste ano foi realizada entre22e 28 de agosto,reunindo bandas cover de cerca de 20 países.“

No dia 30 de novembro, a Orquestra Ouro Preto, sob regência do Maestro Rodrigo Toffolo, se apresenta no Grande Teatro do Palácio das Artes, integrando a programação da primeira BH Beatle Week.

Depois do sucesso de suas apresentações na International Beatle Week em Liverpool, Inglaterra, que acabou rendendo convite para gravação de um DVD ao vivo no Philharmonic Hall de Liverpool em2013, a Orquestra Ouro Preto volta a apresentar o repertório da Série The Beatles em Belo Horizonte.


O concerto da Orquestra Ouro Preto apresenta uma leitura bem particular da obra dos Beatles, dialogando os universos da música erudita e popular. Trata-se de uma vibrante viagem sonora pela biografia musical do fab four a partir de uma combinação inusitada: a união, em um mesmo palco, de uma orquestra e uma banda de rock.


Com arranjos do violinista Mateus Freire, o repertório abrange todo o período de produção artística do quarteto de Liverpool em grandes sucessos que há muito fazem parte do imaginário coletivo. Destaque para Help, Because, Eleanor Rigby, Penny Lane, Let It Be e With a Little Help From My Friends, esta última um diálogo entre a versão Beatle e aquela imortalizada por Joe Cocker em Woodstock.


Além da Orquestra Ouro Preto, ,também estarão presentes no festival as bandas de Belo horizonte HocusPocus, Anthology, Revolver, 3 of Us, Gleison Túlio, Keila Jovi, Yesterdays, Pocket Beatles e Pablo Castro..

A maioria dos grupos tocará, em média, duas vezes durante o festival, com apresentações marcadas em três casas noturnas da capital mineira: Circus Rock Bar, Lord Pub e

Jack Rock Bar. No Palácio das Artes, alémda orquestra, subirão ao palco os capixabas do ClubeBigBeatles, além do cantor mineiro e organizador da primeira Beatle Week. Aggeu Marques, que fará tributo a Paul McCartney com a bandaYesterdays), o grupo Voz & Cia. e a orquestra montada especialmente para a ocasião, além de convidados especiais.

Esse será o show de encerramento da BH BeatleWeek.

Estão confirmadas bandas de várias partes do país além de convidados especiais com muita estória para contar.

BH BEATLE WEEK é o primeiro grande festival de Beatles a acontecer na capital mineira. Ele já nasce como uma extensão oficial do festival internacional que acontece todos os anos em Liverpool, na Inglaterra (International Beatle Week). A programação conta com 4 dias de shows, noite de autógrafos e palestras. A festa começa no dia 28 de novembro e se estende até 01 de dezembro de 2012. Estão confirmadas bandas de várias partes do país além de convidados especiais com muita estória para contar.


Confira a

PROGRAMAÇÃO

28/11 – Quarta-feira

Na quarta-feira, dia 28 acontecerá o show de abertura da BH Beatle Week 2012 com a banda argentina Star Beetles.



Data: 28/11/12

Local: Circus Rock Bar

Horário: 23:00h


29/11 – Quinta-feira

Na quinta-feira, dia 29 acontecerá na FNAC BH Shopping a noite de autógrafos com o autor Tony Bramwell. O inglês que trabalhou com a banda britânica, autografará o livro “Magical Mystery Tours – Minha Vida Com Os Beatles”, lançado por ele em 2008. O livro é considerado uma biografia de Beatles indispensável para qualquer beatlemaníaco.

Haverá também um pocket show com o cantor Pablo Castro.


Data: 29/11/12

Local: FNAC BH Shopping

Horário: 20:00h


30/11/12 – Sexta-feira

A Orquestra Ouro Preto e a banda Clube Big Beatles farão o “Show de Gala” da sexta-feira. A Orquestra apresentará o concerto que foi o grande destaque da International Beatle Week deste ano e a Clube Big Beatles mostrará ao público a competência que a leva a participar todos os anos do festival inglês.

Data: 30/11/12
Local: Palácio das Artes
Horário: 20:30h
Preço: R$ 50,00 (inteira) R$ 25,00 (meia)


01/12/12 – Sábado

A grande apresentação da noite ficará a cargo de Aggeu Marques & Banda Yesterdays, que farão um show especial de tributo a Paul McCartney, o “Paul McCartney In Concert”. O “Show de Gala” do sábado contará com a participação de uma Orquestra Sinfônica criada especialmente para o evento e do Grupo Voz & Cia, além de outros convidados especiais.

Data: 01/12/12

Local: Palácio das Artes

Horário: 20:30h

Preço: R$ 50,00 (inteira) R$ 25,00 (meia)


Palestra com Lizzie Bravo, Ray Johnson e Tony Bramwell


Na tarde de 01 de dezembro acontecerá palestra com 3 nomes conhecidos da cena beatlemaníaca. São eles:


Lizzie Bravo - A brasileira que gravou “Across The Universe” em Abbey Road com o quarteto e conviveu por algum tempo com a banda e agregados. Tem uma caixa de fotos e estórias de enlouquecer qualquer fã da banda.


Ray Johnson - Proprietário do lendário Cavern Club (bar onde os Beatles começaram a carreira) e responsável pela International Beatle Week, que acontece todos os anos em Liverpool (Inglaterra).


Tony Bramwell – Autor do livro “Magical Mystery Tours – Minha Vida Com os Beatles”. Além de escrever a biografia da banda, Bramwell trabalhou durante muito tempo com eles e traz na bagagem muita estória para contar.


Shows no Circuito do Rock


As 3 casas que compõem o Circuito do Rock ( Jack Rock Bar, Circus Rock Bar e Lord Pub) receberão 10 bandas covers de Beatles, que tocarão durante os 3 dias de eventos. Cada banda fará uma média de 2 shows, conforme grade ainda não definida.

Abaixo lista dos grupos participantes:


Rubber Soul (SP), Clube Big Beatles (ES), Letícia Barbarella e Banda (RJ), Túnel do Tempo (RJ), Hare Georgesons (RS), Hocus Pocus (MG), Anthology (MG), 3 Of Us (MG), Revolver (MG) e Gleison Túlio e Keilla Jovi (MG). 

No domingo apresento na Rádio inconfidência AM 880, de 20 ás 21horas, o Especial de Domingo, que vai focalizar os The Beatles , interpretados pela Orquestra Ouro Preto e falar sobre a primeira BH Beatle Week.

Para ouvir, clique
http://www.inconfidencia.com.br/modules/programacao/players/pop_am.php

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Julgamento tem que ser para todos!





A verdadeira essência, o que está realmente  por detrás da forma como foi conduzido o julgamento da mensalão é a eterna guerra política entre direita e esquerda, oprimidos e opressores, elite e ralé!

Quando a esquerda brasileira conquistou o poder através do PT, em 2002 e que começou a agir em prol dos menos favorecidos (o governo Lula incluiu 35 milhões de brasileiros pobres na classe média) a direita não gostou nada de ter que distribuir o bolo com os "miseráveis".

Hoje, grande parte desses brasileiros que eram excluídos, são respeitados como cidadãos,  abrem contas em banco, têm acesso ao crédito, à casa própria, compram carro,  têm trabalho, comida com carne todos os dias, frequentam universidades,  academias e  shoppings..Esses avanços sociais incomodam  as elites que sempre usaram essas pessoas como escravos e que sempre tiveram tudo de bom e melhor só para si.

Hoje o povo brasileiro, pertencente às classes mais baixas é reconhecido como cidadão,  pois conseguiu adentrar a classe consumidora e tem ganhado atenção  por isso (já que vivemos sob a  lógica do capitalismo selvagem, ou seja, do consumo permanente e da economia pujante)

 Bem, essas disputas, esses interesses opostos, têm provocado uma eterna guerra  midiática, através de denuncismos e até mesmo matérias inventadas. Isso acontece porque é através da mídia e seu barões nada democráticos e éticos, que a elite dominante tenta resgatar seu poder e influenciar a opinião pública de que os dirigentes de esquerda não prestam, são corruptos e não podem continuar no poder por isso.

Essa mídia, que tenta imbuir em todos o sentimento de falsa hombridade, que condena, julga, é parcial e  corrupta, obviamente não mostra que a corrupção está presente em todos os partidos, em quase todos os setores e segmentos públicos e privados do Brasil, inclusive entre os próprios veículos de comunicação.   Infelizmente,  a corrupção é endêmica, está presente entre grande parte da população, está no sangue e no dia a dia das pessoas e precisa ser combatida. Mas não podemos admitir a hipocrisia e a parcialidade. Esse combate á corrupção tem que ser feito de forma ampla e irrestrita

Eu defendo que todos os corruptos sejam banidos da nosssa política, mas tem que ser os corruptos de todos os partidos e desde que sejam declarados culpados após  um julgamento técnico, ético, apolítico, que respeite a constituição e suas regras e seja sobretudo, imparcial.

Lamentavelmente, não é isso a que estamos assistindo no Brasil, através do julgamento do mensalão do PT pelo Supremo Tribunal Federal. Existem vários outros casos de processos de mensalão no STF, que envolvem muitos outros partidos e que não são julgados. Eles foram literalmente engavetados  pelo STF.

Isso não justo! Se o STF julga o mensalão de um partido, tem que julgar dos demais. O judiciário não pode ter dois pesos e duas medidas para conduzir as demandas jurídicas do país. Se o objetivo é acabar com a corrupção ( o que considero necessário, aplaudo e apoio sempre) é preciso investigar e punir todos os corruptos do país. O STF não pode ser parcial nem ser influenciado pela imprensa e parte da opinião pública. Ele tem que ser isento e imparcial. Mas o que vimos é um STF arbitrário, que condena sem provas, que não ouve as defesas dos réus, que age para ferrar e se auto promover e não para  promover a verdadeira justiça.


Ainda sobre o julgamento do mensalão indico o texto abaixo, do Observatório da Imprensa:



JULGAMENTO DO MENSALÃO
A sentença e a execração

Por Luciano Martins Costa em 13/11/2012 na edição 720


Comentário para o programa radiofônico do OI, 13/11/2012-Observatório da Imprensa

Os jornais celebram a pena imposta ao ex-ministro José Dirceu no julgamento da Ação Penal 470, conhecida como o caso do “mensalão”. Também há profusão de referências à sentença de José Genoíno, ex-presidente do Partido dos Trabalhadores, mas todo o arsenal do discurso jornalístico é dirigido contra Dirceu.

Ele incorpora, por seu temperamento incisivo e sua absoluta dedicação à política, tudo que a imprensa detesta na alternativa de poder representada pelo PT. Pela mesma razão, ele acumulou também desafetos no próprio partido, que mal conseguem dissimular o alívio por vê-lo aparentemente exilado do núcleo mandatário.

Folha de S.Pauloe Estado de S.Paulo dedicam cadernos especiais ao assunto, que de novo tem somente a definição das penas, e aproveitam para fazer a apologia do processo sobre o qual, claramente, pesou a influência da própria mídia.

Na contramão

Destaque-se, de início, a diferença entre narrativa e discurso. A narrativa, linguagem própria da literatura, ganha validade no jornalismo quando tem como pressuposto a busca da fidelidade com relação ao fato narrado. Embora literatura e jornalismo se confundam em suas origens, já faz muito tempo que se diferenciam justamente pela narrativa.

O discurso, ao contrário, não tem relação natural com nenhum dos dois gêneros. Trata-se de uma estratégia comunicacional de convencimento. O Globo, o Estadão e a Folha oferecem, nas edições de terça-feira (13/11), uma oportunidade valiosa para a análise dessa linguagem.

Os dois jornais paulistas dedicam cadernos especiais ao acontecimento, mas é na Folha que as escolhas editoriais explicitam mais claramente o propósito da execração: não há justificativa, no campo jornalístico propriamente dito, para a decisão de ilustrar a primeira página do suplemento com uma grade de cadeia sobre o título “José Dirceu é condenado a 10 anos e 10 meses de prisão”.

Mesmo em casos muito escabrosos, em que foram expostas ao público ações de autores de crimes hediondos, são raras as ocasiões em que a imprensa chegou tão baixo.

O editorial na primeira página da Folha, outra raridade descolada para o acontecimento que a imprensa considera histórico, comemora sem pudores o que os jornais consideram uma decisão jurídica exemplar.

Há divergências na própria Folha, como a que é apresentada por Janio de Freitas sob o título “A voz das provas”, mas esse texto foi publicado no espaço comum da editoria “Poder” e não foi incluído no caderno que será guardado pelos leitores.

Janio de Freitas expõe o que considera contradições do relator do processo, ministro Joaquim Barbosa, afirmando que ele “se expandiu em imputações compostas só de palavras, sem provas”. Na contramão de praticamente toda a imprensa, Freitas não considera que o julgamento representa a refundação do poder Judiciário ou da própria República: na sua opinião, cresce o descrédito, e a decisão sobre as penalidades “decepciona e deprecia (o Supremo Tribunal Federal) – o que é péssimo para dentro e para fora do país”.

Um alívio para muitos

Oficialmente, a Folha considera que foi “um julgamento minucioso, que resulta em condenações fundamentadas solidamente em nexos fatuais e lógicos”. O jornal paulista, como seus pares, faz uma aposta em um novo futuro para a Justiça, e observa que “outros casos, a começar pelo das relações de Marcos Valério com o PSDB de Minas Gerais, terão de ser examinados sem demora”.

Poderiam ser acrescentados ainda outros casos que aguardam o mesmo empenho do poder Judiciário, como o escândalo do Banestado, o verdadeiro paradigma dos crimes financeiros e de corrupção no Brasil, mas nesse vespeiro ninguém – nem a imprensa – vai mexer.

O Estadão, que já havia criticado o que considerava excessos do ministro relator, em editorial intitulado “Os ‘barracos’ no STF” (09/11), sai com uma edição mais contida. Chama seu caderno especial de “Mensalão – um julgamento histórico”, mas oferece ao leitor uma coleção mais equilibrada de interpretações. Mesmo o texto conclusivo, uma entrevista na qual um historiador considera que o julgamento “pode mudar nossa cultura política”, evita o tom triunfalista.

A natureza da imprensa, composta basicamente de fragmentos de fatos que podem ou não compor a história e a própria cultura, não autoriza afirmações grandiloquentes como essa. Pode-se dizer também o contrário: que o Supremo Tribunal Federal exerceu o máximo de seu poder discricionário para consolidar uma campanha da imprensa, produzindo um fato jurídico que atende a conveniências políticas no campo oposicionista e no partido do governo.

http://observatoriodaimprensa.com.br/news/view/a_sentenca_e_a_execracao


Outro texto sobre o assunto que vale a pena ser conferido:


Marcos Coimbra: A mídia e os juízes

16/11/2012 12:06,


Ainda há quem duvide quando ouve que a mídia brasileira é partidarizada. Que tem posição política e a defende com unhas e dentes. Por opção ideológica e preferência político-partidária, ela é contra o PT. Desaprova os dois presidentes da República eleitos pelo partido e seus governos. Discorda, em princípio, do que dizem e fazem seus militantes e dirigentes.

Por Marcos Coimbra*


Processos contra os 40 réus do chamado mensalão. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr
A chamada “grande imprensa” é formada por basicamente quatro grupos empresariais. Juntos, possuem um vasto conglomerado de negócios e atuam em todos os segmentos da indústria da comunicação. Têm um grau de hegemonia no mercado brasileiro de entretenimento e informação incomum no resto do mundo. É coisa demais na mão de gente de menos.

Afirmar que ela faz oposição ao PT e a seus governos não é uma denúncia vazia, uma “conversa de petista”. Ficou famosa, pela sinceridade, a declaração da presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ) e diretora-superintendente do Grupo Folha, Judith Brito, segundo quem “(…) os meios de comunicação estão fazendo de fato a posição oposicionista deste país, uma vez que a oposição está profundamente fragilizada”.

Disse isso em março de 2010 e nunca se retratou ou foi desautorizada por seus pares ou empregadores. Pelo contrário. Cinco meses depois, foi reconduzida, “por aclamação”, à presidência da ANJ. Supõe-se, portanto, que suas palavras permanecem válidas e continuam a expressar o que ela e os seus pensam.

A executiva falava de maneira concreta. Ela não defendia que a mídia brasileira fizesse uma oposição abstrata, como a que aparece no aforismo “imprensa é oposição, o resto é armazém de secos e molhados”. Propunha que atuasse de maneira tipicamente política: contra uns e a favor de outros. O que dizia é que, se a oposição partidária e institucionalizada falha, alguém tem de “assumir a responsabilidade”.

O modelo implícito no diagnóstico é o mesmo que leva o justiceiro para a rua. Inconformado com a ideia de que os mecanismos legais são inadequados, pega o porrete e vai à luta, pois acha que “as coisas não podem ficar como estão”.

Se os políticos do PSDB, DEM, PPS e adjacências não conseguem fazer oposição ao PT, a mídia toma o lugar. Proclama-se titular da “posição oposicionista deste país”, ainda que não tenha voto ou mandato.

Enquanto o que estava em jogo era apenas a impaciência da mídia com a democracia, nenhum problema muito grave. Por mais que seus editorialistas e comentaristas se esmerassem em novas adjetivações contra o “lulopetismo”, pouco podiam fazer.

Como dizia o imortal Ibrahim Sued, “os cães ladram e a caravana passa”, ­entendendo-se­ por caravana Lula, Dilma, o PT e sua ampla base na sociedade, formada por milhões de simpatizantes e eleitores. Aí veio o julgamento do “mensalão”. A esta altura, devem ser poucos os que ainda acreditam que a cúpula do Judiciário é apolítica. Os que continuam a crer que o Supremo Tribunal Federal (STF) é uma corte de decisão isenta e razoável.

Desde o início do ano, seus integrantes foram pródigos em declarações e atitudes inconvenientes. Envolveram-se em quizílias internas e discussões públicas. Mostraram o quanto gostavam da notoriedade que a aproximação do julgamento favorecia.

Parece que os ministros do STF são como Judith Brito: inquietos com a falta de ação dos que têm a prerrogativa legítima, acharam que “precisavam fazer alguma coisa”. Resolveram realizar, por conta própria, a reforma da política.

O STF não é o lugar para consertá-la e “limpá-la”, como gostam de dizer alguns ministros, em péssima alusão a ­noções de higienismo social. Mas o mais grave é a intencionalidade política da “reforma” a que se propuseram.

A mídia e o STF estabeleceram uma parceria. Uma pauta o outro, que fornece à primeira novos argumentos. Vão se alimentando reciprocamente, como se compartilhassem as mesmas intenções. A pretexto de “sanear as instituições”, o que desejam é atingir adversários.

O julgamento do mensalão é tão imparcial e ­equilibrado quanto a cobertura que dele faz a “grande imprensa”. Ela se apresenta como objetiva, ele como neutro. Ambos são, no ­entanto, essencialmente políticos.

As velhas raposas do jornalismo brasiliense já viram mil­ ­vezes casos como o do “mensalão”, mas se fingem escandalizadas. Vivendo durante anos na intimidade do poder, a maioria dos ministros presenciou calada esquemas para ganhar mais um ano de governo ou uma reeleição, mas agora fica ruborizada. O que ninguém imaginava era quão simples seria para a mídia ter o Supremo a seu lado. Bastavam algumas capas de revista.

E agora que se descobriram aliados, o que mais vão­ ­fazer juntos?

*Marcos Coimbra é sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi. Também é colunista do Correio Braziliense

Fonte: Carta Capital