terça-feira, 30 de março de 2010

Abaixo a hipocrisia: é preciso abrir o debate.


A legalização das drogas é um tema sempre polêmico mas que precisa ser discutido pela sociedade. Tapar o sol com a peneira ou empurrar a sujeira para debaixo do tapete pode ser prático mas não é uma atitude digna.

Enquanto discursos moralistas contra a liberação do uso de drogas se fazem presentes, milhares de pessoas morrem todos os dias vítimas da violência gerada pelo tráfico, milhares de jovens são cooptados por traficantes, milhares de jovens entram no vício e... ninguém faz nada...

Por ser um assunto “proibido” os governos não se sentem obrigados a implementar políticas públicas voltadas para tratar os viciados e dar apoio às famílias que têm que carregar suas cruzes sozinhas e assistir a seus filhos cometer crimes ou serem assassinados em função das drogas sem nenhum apoio do estado.

As instituições que hoje tratam os viciados em drogas no Brasil são pouquíssimas e quase sempre geridas pela iniciativa privada. O que os governos gastam em repressão às drogas e o que poderiam recolher de impostos se elas fossem regulamentadas poderia ser investido na prevenção, no tratamento dos doentes viciados e no apoio às famílias.

Precisamos deixar de ser hipócritas e moralistas e discutir o assunto sem preconceito, abertamente e lembrar que as mazelas da sociedade são uma responsabilidade de cada um de nós. Temos que enxergar a realidade como ela é, sem subterfúgios e tentar transformá-la com ações que beneficiem a todos, até mesmo para que não sejamos a próxima vítima.

Na Califórnia-EUA, a sociedade agora pede a liberação da maconha baseada em três pontos: regulamentação, controle e taxação. Leia a matéria abaixo e entenda as vantagens de se liberar, regulamentar e taxar as drogas:

Legalização da maconha vai a referendo na Califórnia
da redação da Revista Fórum

Em 1996, a Califónia tornou-se o primeiro estado a legalizar o uso médico da cannabis, um exemplo que viria a ser seguido por outros 13 estados. Agora, as sondagens indicam que a maioria da população defende a legalização do uso recreativo da cannabis.

A proposta "Regulate, Control, and Tax Cannabis" irá a votos no dia em que os californianos elegem o governador do Estado, mas nenhum dos candidatos mais fortes se dispôs apoiá-la. Se for aprovada, as pessoas com mais de 21 poderão ter em sua posse até 28 gramas de canábis e são autorizados a plantar uma área até 2,3 metros quadrados. Continuará a ser proibido fumar canábis na presença de menores e também junto a zonas escolares.

O lobby pró-legalização Marijuana Policy Project diz que a redução de gastos com saúde pública pode atingir os 200 milhões de dólares anuais aos cofres do estado. E as autoridades fiscais da Califórnia calculam uma receita de 1,4 milhões de dólares, caso seja cobrado imposto sobre o consumo à semelhança do que acontece com as bebidas alcoólicas.

Stephen Gutwillig, da ONG Drug Policy Alliance, lembrou que "a marijuana tornou-se uma droga recreativa corrente, perdendo em popularidade apenas para os cigarros e o álcool, mas objetivamente menos danosa que qualquer um deles".

"Os norte-americanos estão cada vez mais voltando-se contra uma proibição que falha em proteger os jovens e garante um monopólio de lucros aos cartéis do crime violento nos dois lados da fronteira", acrescenta Gutwillig, recordando que só nos últimos três anos, desde que o presidente Calderon declarou guerra aos cartéis do narcotráfico, morreram mais de 15 mil pessoas no México em tiroteios e massacres.
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E eu pergunto: no Rio de Janeiro e demais estados brasileiros quantas pessoas, principalmente jovens, são mortas todos os dias em função do tráfico de drogas?

Leia também a nota abaixo sobre o consumo em Belo Horizonte. Se houvesse investimento em políticas públicas de prevenção e tratamento, tenho certeza que os números abaixo não seriam tão elevados.


Pesquisa realizada pela ONG Defesa Social , revela alto índice de usuários de crack na grande BH. São 268.000 que consomem por ano mais de 400.000.000, isso mesmo quatrocentos milhões de pedras por ano, que totalizam 120 toneladas. O valor em reais das vendas das pedras, dariam para construir 2 linhas verdes (obra do governo de Minas) por mês. Os números são absurdos e podem parecer irreais, mas só nas primeiras semanas de março foram apreendidas mais de 20.000 pedras, cinco mil em uma única apreensão.

No Rio de Janeiro o comando vermelho já começa a combater o tráfico da substância porque está atrapalhando o "comércio" da facção!!!! ( Robert Carvalho-presidente da ONG Defesa Social)