terça-feira, 5 de outubro de 2010

Precisamos construir um novo modelo de mídia no Brasil










Leonardo Boff
Leonardo Boff


Eu já falei algumas vezes neste blog sobre a importância da regulamentação da comunicação no Brasil. Regulamentar não é podar nem proibir e sim, normatizar e criar novas possibilidades para que tenhamos uma comunicação democrática, abrangente, inclusiva, regionalizada  e construtiva no país. Uma comunicação voltada para o cidadão e a construção da cidadania.

A mídia no Brasil sempre teve dono  e pertence a cerca de no máximo 08 poderosas famílias. Devemos exigir a renovação desse velhos impérios midiáticos que usam o poder que ainda lhes resta para tentar denegrir imagens, caluniar e mentir em nome da defesa dos interesses do povo enquanto, na verdade, lutam contra o povo e a favor dos próprios interesses financeiros e de poder.

 A imprensa deve ser livre sim, mas, deve seguir regras e ter como objetivo a formação crítica do cidadão. Levar a informação da forma ética e responsável é uma obrigação dos veículos que infelizmente, não agem assim. 

Outra coisa condenável é a acusação e o julgamento de pessoas pela mídia em geral. A mídia hoje é quem acusa e condena no Brasil.

Os veículos de comunicação são concessão pública e como tal devem prestar serviço ao povo. Mas, o que vemos é estrutura que é de todos, usada a favor dos interesses de poucos. 

Precisamos mudar essas regras e garantir, por exemplo, a obrigatoriedade da regionalização da programação das tvs e rádios,  a obrigatoriedade de programas que levem conhecimento, educação e cultura para as pessoas ao invés do lixo televisivo que hoje permeia as tvs e, consequentemente, os lares brasileiros. Precisamos ampliar os espaços para o povo se manifestar, 

Precisamos repensar a comunicação no Brasil como um todo, rever as concessões, abrir novos espaços, permitir a abertura de mais tvs e rádios comunitárias para avançar a nossa democracia e a justiça social.

 E sobre esse comportamento vil dessa oligarquia midiática brasileira, li hoje um dos mais bem escritos e pertinentes textos que já vi em toda minha vida, escrito por Leonardo Boff.

Leia com calma e reflita sobre cada palavra desse ilustre pensador, teólogo, filósofo e escritor.

Leonardo Boff avalia os embates eleitorais entre Lula e a mídia conservadora
A mídia comercial em guerra contra Lula e Dilma

25/9/2010 17:41, Por Leonardo Boff - do Rio de Janeiro



Sou profundamente pela liberdade de expressão em nome da qual fui punido com o “silêncio obsequioso” pelas autoridades do Vaticano. Sob risco de ser preso e torturado, ajudei a editora Vozes a publicar corajosamente o Brasil Nunca Mais, onde se denunciavam as torturas, usando exclusivamente fontes militares, o que acelerou a queda do regime autoritário.
Esta história de vida me avalisa fazer as críticas que ora faço ao atual enfrentamento entre o Presidente Lula e a midia comercial que reclama ser tolhida em sua liberdade. O que está ocorrendo já não é um enfrentamento de ideias e de interpretações e o uso legítimo da liberdade da imprensa. Está havendo um abuso da liberdade de imprensa que, na previsão de uma derrota eleitoral, decidiu mover uma guerra acirrada contra o presidente Lula e a candidata Dilma Rousseff. Nessa guerra vale tudo: o factóide, a ocultação de fatos, a distorção e a mentira direta.
Precisamos dar o nome a esta mídia comercial. São famílias que, quando veem seus interesses comerciais e ideológicos contrariados, se comportam como “famiglia” mafiosa. São donos privados que pretendem falar para todo Brasil e manter sob tutela a assim chamada opinião pública. São os donos de O Estado de São Paulo, de A Folha de São Paulo, de O Globo, da revista Veja, na qual se instalou a razão cínica e o que há de mais falso e chulo da imprensa brasileira. Estes estão a serviço de um bloco histórico assentado sobre o capital que sempre explorou o povo e que não aceita um presidente que vem desse povo. Mais que informar e fornecer material para a discusão pública, pois essa é a missão da imprensa, esta mídia empresarial se comporta como um feroz partido de oposição.
Na sua fúria, quais desesperados e inapelavelmente derrotados, seus donos, editorialistas e analistas não têm o mínimo respeito devido a mais alta autoridade do país, ao presidente Lula. Nele veem apenas um peão a ser tratado com o chicote da palavra que humilha.
Mas há um fato que eles não conseguem digerir em seu estômago elitista. Custa-lhes aceitar que um operário, nordestino, sobrevivente da grande tribulação dos filhos da pobreza, chegasse a ser presidente. Este lugar, a Presidência, assim pensam, cabe a eles, os ilustrados, os articulados com o mundo, embora não consigam se livrar do complexo de vira-latas, pois se sentem meramente menores e associados ao grande jogo mundial. Para eles, o lugar do peão é na fábrica produzindo.
Como o mostrou o grande historiador José Honório Rodrigues (Conciliação e Reforma), “a maioria dominante, conservadora ou liberal, foi sempre alienada, antiprogresssita, antinacional e não contemporânea. A liderança nunca se reconciliou com o povo. Nunca viu nele uma criatura de Deus, nunca o reconheceu, pois gostaria que ele fosse o que não é. Nunca viu suas virtudes, nem admirou seus serviços ao país, chamou-o de tudo – Jeca Tatu -; negou seus direitos; arrasou sua vida e logo que o viu crescer ela lhe negou, pouco a pouco, sua aprovação; conspirou para colocá-lo de novo na periferia, no lugar que contiua achando que lhe pertence (p.16)”.
Pois esse é o sentido da guerra que movem contra Lula. É uma guerra contra os pobres que estão se libertando. Eles não temem o pobre submisso. Eles têm pavor do pobre que pensa, que fala, que progride e que faz uma trajetória ascedente como Lula. Trata-se, como se depreende, de uma questão de classe. Os de baixo devem ficar em baixo. Ocorre que alguém de baixo chegou lá em cima. Tornou-se o presidente de todos os brasileiros. Isso para eles é simplesmente intolerável.
Os donos e seus aliados ideológicos perderam o pulso da história. Não se deram conta de que o Brasil mudou. Surgiram redes de movimentos sociais organizados, de onde vem Lula, e tantas outras lideranças. Não há mais lugar para coroneis e para “fazedores de cabeça” do povo. Quando Lula afirmou que “a opinião pública somos nós”, frase tão distorcida por essa midia raivosa, quis enfatizar que o povo organizado e consciente arrebatou a pretensão da midia comercial de ser a formadora e a porta-voz exclusiva da opinião pública. Ela tem que renunciar à ditadura da palabra escrita, falada e televisionada e disputar com outras fontes de informação e de opinião.
O povo cansado de ser governado pelas classes dominantes resolveu votar em si mesmo. Votou em Lula como o seu representante. Uma vez no Governo, operou uma revolução conceptual, inaceitável para elas. O Estado não se fez inimigo do povo, mas o indutor de mudanças profundas que beneficiaram mais de 30 milhões de brasileiros. De miseráveis se fizeram pobres laboriosos, de pobres laboriosos se fizeram classe média baixa  e de classe média baixa de fizeram classe média. Começaram a comer, a ter luz em casa, a poder mandar seus filhos para a escola, a ganhar mais salário, em fim, a melhorar de vida.
Outro conceito innovador foi o desenvolvimento com inclusão soicial e distribuição de renda. Antes havia apenas desenvolvimento/crescimento que beneficiava aos já beneficiados à custa das massas destituidas e com salários de fome. Agora ocorreu visível mobilização de classes, gerando satisfação das grandes maiorias e a esperança que tudo ainda pode ficar melhor. Concedemos que no Governo atual há um déficit de consciência e de práticas ecológicas. Mas, importa reconhecer que Lula foi fiel à sua promessa de fazer amplas políticas públicas na direção dos mais marginalizados.
O que a grande maioria almeja é manter a continuidade deste processo de melhora e de mudança. Ora, esta continuidade é perigosa para a mídia comercial que assiste, assustada, ao fortalecimento da soberania popular que se torna crítica, não mais manipulável e com vontade de ser ator dessa nova história democrática do Brasil. Vai ser uma democracia cada vez mais participativa e não apenas delegatícia. Esta abria amplo espaço à corrupção das elites e dava preponderância aos interesses das classes opulentas e ao seu braço ideológico que é a mídia comercial. A democracia participativa escuta os movimentos sociais, faz do Movimento dos Sem Terra (MST), odiado especialmente pelaVEJA, que faz questão de não ver; protagonista de mudanças sociais não somente com referência à terra, mas também ao modelo econômico e às formas cooperativas de produção.
O que está em jogo neste enfrentamento entre a midia comercial e Lula/Dilma é a questão: que Brasil queremos? Aquele injusto, neocoloncial, neoglobalizado e, no fundo, retrógrado e velhista; ou o Brasil novo com sujeitos históricos novos, antes sempre mantidos à margem e agora despontando com energias novas para construir um Brasil que ainda nunca tínhamos visto antes?
Esse Brasil é combatido na pessoa do Presidente Lula e da candidata Dilma. Mas estes representam o que deve ser. E o que deve ser tem força. Irão triunfar a despeito das más vontades deste setor endurecido da midia comercial e empresarial. A vitória de Dilma dará solidez a este caminho novo ansiado e construido com suor e sangue por tantas gerações de brasileiros.
Leonardo Boff é teólogofilósofo, escritor e representante da Iniciativa Internacional da Carta da Terra.

2 comentários:

inys tv disse...

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ctomazzi disse...

Tás brindando...Padre Leonardo Boff...tás brincando...a necessidade da reformar a mídia se deve à perseguição que a mesma move contra o governo Lula...tás brincando...inventam notícias sobre corrupção no governo com fins puramente eleitoreiros...tás brincando...a tal da Alice, Erenice, Berenice, Eunice ou o que nome tem, exemplo de ética e bom uso do dinheiro público, caiu vítima dessas malvadezas da imprensa elitista e caluniadora...tás brincando...os filhos, irmãos, cunhados e sei la mais o que indevida e maldosamente acusados de operar a maquininha da corrupção ...tás brincando...por que êsse governo é diferente dos anteriores, honesto até o talo...tás brincando...mensalão foi conto da mídia elitista que não aceita o presidente vindo do povo...tás brincando...dinheiro na cueca em pleno governo do homem simples e inocente que venceu as vicissitudes da pobreza e a perseguição da elite e se fez presidente foi pura invenção...tás brincando...quebra do sigilo bancário do caseiro que provou que o ministro era mentiroso é coisa da imprensa malvada...elite mentirosa...e tenho absoluta certeza de que Alice Eunice Berenice Erenice e seus filhinhos inocentes vão provar que tudo foi uma brincadeirinha...e se algum dia roubaram nesse governo o presidente não sabia...tás brincando...eu assim, na minha santa ignorancia e influenciado que sou pela mídia elitista, quero é que os corruptos da esquerda sejam enforcados nas tripas dos corruptos da direita...porque nunca antes na historia dêsse país teve um governo tão igual aos anteriores, roubam a esquerda e a direita...e eu, incapaz que sou de tirar corrupto do poder, fico acreditando que o presidente que eu ajudei a eleger vai fazer isso por mim...tás brincando...porque como disse alguém, que com certeza não é o padre Leonardo Boff, político e fralda de neném tem que trocar com frequência e pela mesma razão...mas êsse governo é diferente...tás brincando...se não pode evitar ser corrupto como os outros, vai cercear a liberdade de expressão para que a corrupção não venha a tona...afinal, corrupção que não é noticiada não existe...quanta brincadeira com o dinheiro público...mas se é público não tem dono, e assim sendo melhor será continuarmos brincando.
Desculpem a brincadeira,
Cacá