terça-feira, 26 de março de 2013

Marco regulatório da Mineração é discutido por organizações da sociedade civil







Com o objetivo de debater a atual conjuntura do novo Marco Regulatório da Mineração, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) convocou entidades, organizações e movimentos da sociedade civil para uma reunião que ocorreu na última sexta-feira, dia 22, na sede nacional da Cáritas Brasileira, em Brasília (DF). O encontro foi motivado a partir da carta aberta divulgada pela CNBB no dia 7 de março.

A informação é publicada pelo Boletim da CNBB, 22-03-2013.

Na comemoração do Dia Mundial da Água, o evento evidenciou as preocupações com a expansão acelerada da mineração, seus múltiplos impactos sociais e ambientais e a falta de diálogo com a sociedade no processo de construção do novo marco regulatório do setor. Padre Nelito Dornelas, da Comissão de Justiça e Paz da CNBB, ressaltou que essa é uma importante iniciativa de criar oportunidades de diálogo e reflexão conjunta tendo em vista fortalecer a perspectiva das organizações sociais no debate e na intervenção política sobre o novo marco regulatório. “Questões ambientais e sociais sempre foram uma preocupação da CNBB”, lembrou.

Antes que tivesse início o debate entre as entidades, José Guilherme Zagallo, da Justiça nos Trilhos, fez um breve relato da atual situação. “Nos últimos dez anos tivemos o boom da mineração.” Isso porque, nesse período, a participação da indústria extrativista mineral no Produto Interno Bruto (PIB) no país cresceu 156%. Em 2000 representava apenas 1,6% e em 2011 passou para 4,1%. Além disso, a produção mineral brasileira cresceu 550% entre 2001 e 2011. “Hoje, a mineração, junto com o agronegócio, é o principal esteio da Balança Comercial.”

Nessa perspectiva, as entidades da sociedade civil reunidas esclareceram que o Brasil precisa não só alterar a sua legislação – o marco regulatório da mineração vigente é de 1967 -, mas estabelecer mecanismos claros de controle, inclusive porque muitas das pressões para a alteração da legislação são para flexibilizar a extração e não para melhorar o controle. É visto que a crescente demanda por riquezas naturais torna o Brasil em um cenário especial para a cobiça internacional e esse é um dos motivos que favorece a discussão sobre a reformulação do Código da Mineração, já que a extração ilegal no país não é novidade. Além disso, a exploração desenfreada de minérios no país está diretamente relacionada ao Código vigente, que apresente fragilidades como a liberação de concessões para exploração em terras indígenas e em unidades de conservação.

“No Brasil não existe, por exemplo, o direito de recusa da comunidade, como já ocorre em países como a Bolívia. Se há minério em determinado território a comunidade vai discutir indenização, mas ela não tem o direito de recusar a extração no local”, destacou Zagallo. Ele ainda lembrou que muitos países já trabalham com um Fundo Social Comunitário voltado para a recuperação efetiva das comunidades atingidas. “A mineração não é uma atividade infinita. É preciso preparar as comunidades para o fim da exploração.”

Os participantes ainda propuseram a ampliação do debate, a construção de consensos, além da garantia que o novo marco não seja encaminhado por medida provisória. Um nova reunião está agendada para o final de abril.

Participaram do encontro mais de 20 pessoas representantes da Cáritas Brasileira, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), do Serviço Inter-Franciscano de Justiça, Paz e Ecologia (Sinfrajupe), da Juventude Franciscana do Brasil (Jufra), doSindiquímica, da Justiça Global, da Justiça nos Trilhos (JNJ), do Instituto Socioambiental (ISA), Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase), do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), Movimento pelas Serras e Águas de Minas (MovSam), da Oxfam International, do Fórum de Mudanças Climáticas e Justiça Social, Associação Brasileira das Instituições de Pesquisa Tecnológica e Inovação (Abipi), do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), da ONG norueguesa AIN, da Agenda Pública, da Equipe para Conservação da Amazônia (Ecam).

segunda-feira, 25 de março de 2013

Ambientalistas mobilizam-se contra projeto de mineração




Ambientalistas de Minas Gerais se mobilizam para tentar impedir a aprovação, pela Assembleia Legislativa do Estado, de um projeto que autoriza mineradoras a dragar o fundo de rios de preservação permanente. O Projeto 3.614/12, aprovado em primeiro turno, autoriza o "revolvimento de sedimentos para a lavra de recursos minerais" em rios como o São Francisco, o Jequitinhonha, o Cipó e outros. O texto está pronto para ser votado em segundo turno e, se aprovado, dependerá apenas de sanção do governador Antônio Anastasia (PSDB) para entrar em vigor.

A reportagem é de Marcelo Portela e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, em 22-03-2013.

O projeto foi apresentado na Assembleia pelo deputado Lafayette de Andrada (PSDB) em 3 de dezembro, passou pelas Comissões de Constituição e Justiça (CCJ) e de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e foi aprovado em plenário.O deputado Célio Moreira (PSDB), relator do projeto na Comissão de Meio Ambiente - que preside - deu parecer favorável à aprovação, mas a Casa entrou em recesso pouco depois.

Se aprovado da forma como está, o projeto autorizará mineração em trechos do Rio São Francisco e nos Rios Pandeiros e Peruaçu, integrantes da bacia hidrográfica do São Francisco; no Rio Jequitinhonha e afluentes, no Rio Grande e afluentes, e no Rio Cipó, que aflui no Rio das Velhas - que também integra a bacia do São Francisco. "É uma papagaiada. Defende-se a economia de água e até que as pessoas fechem a torneira enquanto escovam os dentes, mas as políticas públicas são frágeis", avaliou a superintendente da Associação Mineira de Defesa do Ambiente (Amda), Maria Dalce Ricas.

Desde a aprovação do projeto em primeiro turno, entidades de defesa do meio ambiente e ativistas se mobilizam para impedir que ele volte para o plenário. "A aprovação desse projeto no apagar das luzes, mesmo com parecer contrário da Secretaria de Meio Ambiente (do Estado), pegou todo mundo de surpresa. Alguns desses trechos são importantes áreas de piracema", observou Maria. Ela afirmou que, para tentar manter o texto fora da pauta, apelou até a Anastasia - que tem maioria folgada no Legislativo -, mas o texto, segundo a página da Assembleia na internet, continua "pronto para a ordem do dia em plenário".

''Frankenstein''

O autor do projeto, porém, afirmou que estaria disposto até a retirar a proposta. Andrada disse que o objetivo original da proposta era permitir apenas a extração artesanal, com autorização de órgãos ambientais, de areia e cascalho, que eram exercidas em cidades à beira do Rio Grande antes da aprovação de lei, em 2004, vetar a atividade. Na justificativa do projeto, ele alegou que esses materiais são de "fundamental importância econômica, sobretudo para a construção civil e ampliação de infraestrutura".

Mas o texto autoriza a dragagem para a "lavra de recursos minerais", sem especificar quais, e Andrada ainda ressaltou que foram "inseridas" emendas que tornaram o projeto um "Frankenstein". "À medida que o projeto caminhou nas comissões, apareceram montes de emendas. Meu projeto tinha uma linha e agora tem duas páginas. Virou um carrapato carregando um boi. Não sou a favor do monte de loucuras que estão lá", afirmou. Moreira não foi encontrado para falar sobre o caso.




domingo, 24 de março de 2013

Anglo agita Conceição do Mato Dentro


Mina da Anglo transforma a vida na pacata Conceição


Por Marcos de Moura e Souza | De Conceição do Mato Dentro (MG)


A centenária cidade mineira vive o dilema entre os benefícios do investimento em minério de ferro e as consequências do crescimento acelerado e sem planejamento

Seis anos depois de começar a se converter na base do projeto mais ambicioso da mineradora britânica Anglo American no mundo, a pequena Conceição do Mato do Dentro está transformada. Os hotéis e pousadas vivem cheios. As ruas antigas da época do Brasil colônia passaram a ter congestionamento. A renda subiu, emprego não falta e arrecadação da prefeitura disparou. Mas o Minas-Rio, o empreendimento de US$ 8,8 bilhões para extração de minério de ferro das montanhas na zona rural, não trouxe só bonança. 

O projeto desatou uma sucessão de problemas até agora não resolvidos e que deixam autoridades e parte da população inconformadas.

A Anglo e as empresas prestadoras de serviços nas obras são hoje o motor de Conceição do Mato Dentro. 

A cidade, de 1702, não tinha até então uma grande indústria, nem comércio pujante. Tentou investir na imagem de polo de ecoturismo, mas muitos dizem que a ideia nunca realmente decolou.

"Para o meu negócio, foi a salvação", diz Allan Augusto Galdino, de 55 anos, um ex-bancário que há quase 15 anos decidiu voltar de Belo Horizonte para sua cidade natal e montar um restaurante e uma pousada. O movimento era fraco e só começou a melhorar entre 2007 e 2008, quando a Anglo American adquiriu a mina do empresário Eike Batista e terras do entorno. A pousada de Galdino, que tinha 16 quartos foi ampliada para 24. Ele, então, arrendou outra com 18 e agora está construindo uma terceira com mais onze quartos.

Os negócios de Galdino são uma síntese do que aconteceu com a economia local. Tudo, ou quase tudo, gira em torno do empreendimento. Restaurantes, pousadas, mercados, postos de combustível, farmácias, lojas de roupa, empregos. Mas críticas repetidas na cidade ao projeto se referem ao outro lado da história. "O impacto social está sendo muito maior do que o ambiental", diz o prefeito Reinaldo César de Lima Guimarães (PMDB).

Com uma população de 17 mil habitantes, Conceição inchou. São cerca de 6 mil trabalhadores no projeto da Anglo, diz a prefeitura. A empresa fala em 4 mil espalhados pela cidade, onde está a maior parte dos trabalhos, e por dois municípios vizinhos. Parte mão de obra local, parte de outras cidades e outros Estados. 

Muitos trabalhadores dormem em extensos alojamentos nos canteiros de obras. Mas uma boa parte vive em casas em Conceição do Mato Dentro. E quando isso começou a acontecer, logo surgiu o primeiro efeito colateral do empreendimento: os alugueis subiram numa velocidade espantosa. Casas simples que famílias da região pagavam de R$ 200 a R$ 250 por mês há quatro ou cinco anos variam hoje de R$ 1 mil a R$ 1,5 mil. Uma casa com um pouco mais de conforto, que até 2011, o proprietário cobrava R$ 2,2 mil, no ano passado já queria R$ 5 mil.

Muitas famílias viram aí um filão. Passaram a viver com parentes enquanto alugavam seus imóveis para os forasteiros dispostos a abrir a carteira. Mas outras se acharam no aperto por não ter como bancar um aluguel tão caro. Foi quando veio um segundo efeito: o início de uma favelização na cidade. E bem numa área adjacente a um parque ecológico. Pressionada pelos preços, muita gente foi improvisando. Segundo o Ministério Público Estadual, cerca de 600 pessoas estão vivendo ali.


A especulação dos aluguéis acabou respingando em outras áreas, como a segurança. "Os impactos são tão grandes que hoje qual policial quer vir para Conceição?", indaga o prefeito. "Eles recebem R$ 2 mil a R$ 3 mil e têm de pagar R$ 1,5 mil de aluguel. Ninguém quer vir para cá. Hoje temos aqui uns 20 policiais, entre militares e civis. Eu precisaria de no mínimo 50." Para tentar fazer com que mais policiais se transfiram para Conceição, a prefeitura tem um projeto de construção de uma vila militar.

Outra mudança foi no emprego. Atrás de salários e benefícios tão mais atraentes, muitos se banderam para o empreendimento. Na prefeitura, por exemplo, faltam garis, motoristas, pessoal de limpeza e também profissionais mais preparados. Vários simplesmente deixaram o funcionalismo.

Guimarães fala de outros impactos: o movimento no único hospital da cidade aumentou 70% e o lixão dobrou de tamanho, diz. No caso da saúde, a nova população da cidade fez também aumentar a demanda por vacinas, remédios da farmácia popular e por atendimentos no posto de saúde. A prefeitura diz que os gastos com saúde aumentaram.

Claro que o caixa de Conceição melhorou. A cidade que vivia praticamente de recursos do Fundo de Participação dos Municípios, hoje tem no ISS sua maior fonte de recursos. A receita total de Conceição no ano passado foi de R$ 36 milhões e este ano deve chegar a R$ 45 milhões. Especula-se que em 2015, só de royalties do minério, Conceição passe a receber R$ 200 milhões por ano.

Mas por força de condicionantes e acordos relacionados ao projeto, a Anglo American tem de ajudar a cidade não só fazendo o dinheiro girar. No caso do hospital, a empresa terá de bancar 70% dos gastos por três anos, prorrogáveis por mais três, diz a Secretaria de Saúde. No caso do lixão a céu aberto, a Anglo se comprometeu a construir um aterro sanitário. Nos dois casos, nada ainda é realidade.

O promotor público estadual Marcelo Mata Machado, o único da cidade, acompanha de perto o projeto. Em 2012, o Ministério Público ajuizou três ações civis públicas contra a Anglo e obteve três liminares que interromperam os trabalhos no projeto durante meses. As liminares tratavam dos impactos ambientais e de potenciais riscos a patrimônio arqueológico. Uma ação não deu em nada, mas a empresa acatou os pedidos do MP em troca do encerramento das outras duas, diz o promotor

Em parte pelas questões judiciais, a Anglo alterou seu cronograma: a produção programada para começar este ano ficou para o fim de 2014. Na primeira fase, a capacidade de produção será de 26,5 milhões de toneladas de ferro.

O secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais, Adriano Magalhães, lembra que é um projeto complexo, que está num santuário ecológico e numa área turística. "Quando você entra numa região turística, que tem um circuito cultural e histórico para fazer um projeto de mineração, há sempre mais resistências e isso pode não ter sido bem avaliado pela empresa." Ele elogia a direção atual e avalia que ela mostra comprometimento com o projeto e disposição para resolver as questões que surgirem.

Para o promotor, assim como para outros críticos, a Anglo American deixa ainda um rastro de descontentamento. "Se você olha a cartilha com os valores da Anglo, são valores comprometidos com direitos humanos, com respeito às comunidades afetadas. Mas quando escutamos as pessoas afetadas pelo empreendimento aqui na cidade, existe um abismo."


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Agricultores acusam empresa de poluir água dos rios
Se na área urbana os efeitos das obras da Anglo American estão por todo lado, na zona rural de Conceição do Mato Dentro as mudanças são ainda mais intensas. Oitenta famílias foram classificadas como atingidas pelo projeto e dessas 53 já foram reassentadas ou tiveram seus terrenos comprados pela empresa. Mas ainda há muita reclamação daqueles sitiantes, a maioria de pequenos agricultores, que vivem e cultivam a terra nas imediações do projeto.
A queixa mais repetida diz respeito à água. Nas reuniões mensais que Ministério Público e a Defensoria realizam desde abril com moradores e representantes da empresa, o tema é sempre presente.
"Eu usava essa água para tudo, para cozinhar, beber, pescar. Era água para a minha vida. O rio era clarinho, daqui você via os peixes nadando no fundo. Acabou tudo", diz José Adilson de Miranda Gonçalves, de 55 anos, mostrando a água barrenta do córrego Pereira, que banha seu sítio. Segundo ele, água para beber ele tira de uma mina do vizinho e comida vem ou do mercado na cidade ou de um trecho do rio distante de sua casa.
Culpa, segundo diz, da movimentação de máquinas do empreendimento da Anglo que despejam terra e mais terra no Pereira e em outros cursos d'água.
A 20 minutos dali, os moradores da comunidade da Água Quente também se mostram inconformados. Dizem que o córrego chega a ficar "vermelho e até borbulha por cima". "Quando eles começaram a mexer na terra, garantiram que a água ia continuar limpa. Para a gente a água virou mingau. Eles vêm aqui, olham e falam que está boa", diz o agricultor José Lucio Reis dos Santos, de 45 anos. Em Água Quente, a Anglo montou uma estrutura de poço artesiano e fossas sépticas. Mas os moradores dizem que nada se compara à água abundante e limpa que tinham antes do início do projeto.
O promotor não descarta outras medidas, mas tem usado as reuniões mensais para ajudar os moradores a se organizarem e tentarem resolver pendências com representantes da Anglo American e, quando isso não for possível, buscar soluções coletivas. (MMS)



Compensações custarão R$ 500 milhões



Por De Belo Horizonte

O sitiante Gonçalves reclama da sujeira nos: O rio era clarinho, daqui você via os peixes nadando no fundo. Acabou tudo"


A Anglo American disse ter investido até janeiro cerca de R$ 257 milhões para o cumprimento das chamadas condicionantes para a instalação do projeto Minas-Rio. O plano é que até 2015 sejam investidos mais R$ 264 milhões.

A empresa lista alguns dos principais investimentos que promete fazer até o início da fase operacional, no fim do ano que vem. Entre eles são R$ 20 milhões para a área de saúde, principalmente na reforma de unidades básicas de saúde, fornecimento de equipamentos e capacitação de profissionais em Conceição, Alvorada de Minas e também em Dom Joaquim.

Mais R$ 1,6 milhão em um aterro sanitário coletivo para dez municípios de Minas e Rio de Janeiro. A Anglo promete ainda investir R$ 5 milhões no aterramento da fiação elétrica no centro histórico de Conceição e até R$ 4 milhões na restauração da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição.

O minério de ferro dessa região mineira na Serra do Espinhaço, a 170 km de Belo Horizonte, é classificado pela empresa um minério de "classe mundial, de rara magnitude e qualidade" e como "um dos maiores empreendimentos com recursos ainda não explorados do mundo".

Em uma declaração recente, a presidente global da Anglo American, Cynthia Carroll, disse: "Nós estamos claramente desapontados que a diversidade de desafios que nosso Projeto Minas-Rio tem enfrentado contribuiu para um aumento significativo do capex [para US$ 8,8 bilhões], resultando na baixa contábil que registramos [de US$ 4 bilhões]. Apesar das dificuldades, nós continuamos confiantes na atratividade a médio e longo prazos do Minas-Rio assim como em seu posicionamento estratégico, e permanecemos comprometidos com o empreendimento."

Sobre o lixão a céu aberto em Conceição, a empresa disse estar discutindo com autoridades de Alvorada de Minas, Conceição do Mato Dentro e Dom Joaquim a construção de um aterro para os três municípios.

Além disso, a Anglo American assinou, em novembro, um convênio com o Centro Mineiro de Referência em Resíduos, ligado ao governo de Minas, que está dando apoio técnico ao projeto do aterro.

Sobre o hospital de Conceição, a Anglo também diz estar em "discussão com autoridades locais e estaduais para decidir a melhor solução para a questão". Em paralelo, vem investindo na reforma de uma unidade básica de saúde, na reforma da sede da Secretaria da Saúde e nas obras de ampliação da clínica da cidade.

Quanto a outro tema que preocupa muitos moradores da zona rural - a qualidade da água dos córregos abaixo do empreendimento -, a empresa disse ter implementado em 2011 um plano para "minimizar o carreamento de sedimentos" nas águas do Passa Sete, o córrego que passa pelo distrito da Água Quente. 

Disse também que as "coletas de água são realizadas por laboratório certificado pelo Inmetro e que os resultados têm mostrado eficiência das estruturas de contenção de sedimentos", que a qualidade das águas é compatível "com os limites legais para os cursos de água da região, não perdendo seu potencial de uso".(MMS)


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sexta-feira, 15 de março de 2013

Violeiro Paulo Mourão participa do Revista da Tarde!





Toda sexta-feira, recebo no meu programa Revista da Tarde, na rádio Inconfidência AM 880/ Ondas Curtas,  músicos que fazem parte do atual cenário artístico mineiro.

O quadro se chama Revista Musical, que criei com o objetivo de abrir um espaço para os músicos mostrarem seu trabalho. Nele, eu faço entrevistas intercaladas pelas canjas desses artistas.

O Revista Musical já recebeu centenas de músicos maravilhosos, sempre às sextas feiras, às 15:15.

Hoje tive o enorme prazer e alegria de receber o  músico, intérprete, compositor, cantor e violeiro, Paulo Mourão que também atuou no jornalismo por 30 anos. Ele foi acompanhado do grande percussionista Dino Rodrigues.

Ouça a entrevista desta sexta-feira, dia 15 de março de 2013, clicando no link abaixo:

A primeira parte da entrevista não foi postada, mas a partir de segunda-feira o problema será corrigido e você poderá conferir a entrevista inteira.

Vale a pena ouvir a prosa com Paulo Mourão e Dino Rodrigues!

http://www.inconfidencia.com.br/modules/debaser/player.php?id=6266

segunda-feira, 4 de março de 2013

Proteína produzida pelo corpo feminino pode ser a chave para a cura da Herpes

Proteção natural contra o herpes, uma proteína, encontrada no corpo feminino, barra a entrada de vírus transmitido durante as relações sexuais. Doenças bacterianas como a clamídia, responsável por casos de infertilidade feminina, também podem ser evitadas.


Reportagem de:
Bruna Sensêve






A descoberta de uma proteína produzida pelo corpo feminino pode ser o grande escudo de proteção contra infecções virais até então sem cura, como o herpes tipo 2, e doenças bacterianas com potencial devastador, como a clamídia. Um time de pesquisadores liderados por Ka Yee Fung e Niam Mangan, do Centro de Imunidade Inata e Doenças Infecciosas do Instituto de Pesquisas Médicas da Universidade Monash, na Austrália, publicou resultados nesse sentido na edição de hoje da revista científica Science. Apesar de os experimentos terem sido feitos ainda em camundongos, os autores acreditam que podem estar próximos do desenvolvimento das primeiras estratégias imunizantes contra ambas as doenças.

Denominada de interferon-, a molécula encontrada tem particularidades importantes cientificamente. De forma geral, o grupo de proteínas interferons pertence ao sistema imune inato do organismo, aquele que emite a primeira resposta de defesa quando percebe a invasão de algum agente infeccioso. No momento em que o patógeno é reconhecido, receptores da célula emitem uma sinalização para que seja induzida a produção do exército de interferons, que vão induzir o primeiro estado de resistência antiviral nas células ainda não contaminadas. O interferon- não segue o mesmo caminho. Em vez de ser produzido em situação de crise, ele está presente todo o tempo no tecido epitelial do trato reprodutivo das mulheres.

Também não é a presença de um agente infeccioso que controlará a sua manifestação. A quantidade de interferons- obedece às variações dos hormônios sexuais femininos, acompanhando as oscilações do ciclo menstrual. Logo após o período menstrual, o nível de progesterona é baixo e o de estrogênio, alto. Nessas condições, a expressão do interferon- é a mais alta. Essa taxa cai em 10 vezes na situação inversa, como na fase secretora do ciclo menstrual, em que a progesterona é alta e o estrogênio, baixo. Quando há a implantação de um embrião na parede do útero durante a ovulação, a produção dessa proteína chega a níveis quase nulos. Isso acontece porque a produção de estrogênio cai e dá espaço para a progesterona durante toda a gravidez. Baixas taxas de interferon- também são detectadas em mulheres após a menopausa. “Esses períodos em particular também parecem se correlacionar com aqueles em que elas ficam mais suscetíveis a doenças infecciosas”, analisa Fung.

Análises em fêmeas de camundongo confirmaram que os interferons- agem diretamente na defesa do corpo contra ambas infecções. Fung acredita que, no futuro, poderá ser possível determinar as mulheres que estão mais ou menos expostas às doenças e como será a resposta delas a uma terapia específica. Para isso, no entanto, seria necessária uma estratégia capaz de medir a quantidade ou a competência dos genes que codificam essa proteína em um organismo. “Podemos ter implicações terapêuticas em que, ao administrar essa proteína, vamos proteger as mulheres contra a clamídia. As que mostrarem um pequeno potencial de produção (da proteína) também poderão fazer uso de um complemento ou ainda de outros tratamentos, como vacinas.”

Novas terapias
O professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará José Eleutério Jr., também membro da Academia Internacional de Citologia, destaca que características similares também foram estudadas para outros grupos de proteína, como a MBL (Mannose-biding Lecitin) em estudos de Steven Witkin, da Universidade de Cornell, em Nova York. “Witkin demonstrou que infecções genitais em humanos seriam mais frequentes entre pessoas com uma alteração genética associada a uma redução da ação dessa proteína natural.” Ele salienta que os dois estudos, mesmo abordando elementos diferentes, têm uma característica comum quanto ao risco. “Mais do que uma abordagem terapêutica, está em jogo a identificação de indivíduos que teriam necessidade de rastreio e de diagnóstico mais precoce de infecções, além de uma abordagem preventiva mais intensa”, conclui.


José Eleutério considera a pesquisa promissora e com potencial para esclarecer questões sobre as respostas imunológicas individuais e para desenvolver novas abordagens contra infecções. No entanto, segundo ele, falar em cura para o herpes tipo 2 ainda é improvável. “Espera-se que a evolução dos conhecimentos permita que um dia essa resposta possa ser positiva. Mas os experimentos com o interferon- começaram agora. Os demais interferons têm tido resultados pouco promissores em ensaios clínicos”, avalia. Ele lembra que o vírus da herpes tem como principal característica ficar “escondido” em um gânglio neural localizado na área em que haverá lesão na pele. Desse jeito, torna ainda mais difícil o tratamento com drogas terapêuticas, pois nem sempre eles alcançam o patógeno.

O herpes tipo 2 não tem cura. O tratamento atual consiste na contenção de crises com antivirais. Ainda assim, o vírus não é um grande vilão, já que não existem grandes complicações, apenas um incômodo doloroso e estético. A clamídia, por sua vez, acomete milhões de mulheres e pode chegar a comprometer seriamente o sistema reprodutivo feminino, levando à esterilidade. “Ela é muito esquecida por pacientes e médicos brasileiros por ser, na maioria das vezes, assintomática, em especial em infecções genitais na mulher”, avalia Eleutério. Ele estima que entre 6% e 20% das mulheres possam estar nesse momento infectadas e sem saber. “Embora em países desenvolvidos seja hábito o rastreio de clamídia, no Brasil isso não é feito.”

A ginecologista Yara Furtado de Melo, secretária da Comissão Nacional Especializada em Doenças Infecciosas em Ginecologia e Obstetrícia da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), explica que a infecção se inicia no colo do útero e pode subir até a tuba uterina sem que haja qualquer manifestação clínica ou sintoma característico. Esse é uma das razões pela qual o rastreamento da doença fica reservado a mulheres grávidas ou àquelas com dificuldade de engravidar. “É uma doença silenciosa que sobe e pode comprometer o desenvolvimento do feto. Também recebemos muitas mulheres com dificuldade de engravidar que fazem o exame e descobrem que as trompas foram obstruídas pela ação da bactéria”, descreve.

Na gravidez, as consequências podem ser drásticas, como abortamento, trabalho de parto prematuro, morte neonatal ou infecções pós-cirúrgicas. O problema, na maioria das vez, pode ser revertido, exceto em casos muito graves. “A trompa uterina tem um epitélio muito fino e, se estiver muito destruído pela infecção, não pode ser recuperado”, explica a ginecologista.

fonte: www.uai.com.br