quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Físico Stephen Hawking afirma que inteligência artificial pode destruir a humanidade



BBC 3 de dezembro de 2014 João Marcos mundo

Stephen Hawking, um dos mais proeminentes cientistas do mundo, disse à BBC que os esforços para criar máquinas pensantes é uma ameaça à existência humana.

Cientista diz temer que as máquinas de inteligência artificial evoluam a ritmo muito superior ao dos humanos

Publicado na BBC Brasil

“O desenvolvimento da inteligência artificial total poderia significar o fim da raça humana”, afirmou.
Hawking fez a advertência ao responder uma pergunta sobre os avanços na tecnologia que ele próprio usa para se comunicar, a qual envolve uma forma básica de inteligência artificial.

O físico britânico, que sofre de esclerose lateral amiotrófica (ELA), uma doença degenerativa, está usando um novo sistema desenvolvido pela empresa Intel para se comunicar.

Especialistas da empresa britânica Swiftkey também participaram da criação do sistema. Sua tecnologia, já empregada como um aplicativo para teclados de smartphones, “aprende” a forma como Hawking pensa e sugere palavras que ele pode querer usar em seguida.

Hawking diz que as formas primitivas de inteligência artificial desenvolvidas até agora têm se mostrado muito úteis, mas ele teme eventuais consequências de se criar máquinas que sejam equivalentes ou superiores aos humanos.

“(Essas máquinas) avançariam por conta própria e se reprojetariam em ritmo sempre crescente”, afirmou. “Os humanos, limitados pela evolução biológica lenta, não conseguiriam competir e seriam desbancados.”

‘No comando’

Nem todos os cientistas, porém, compartilham da visão negativa de Hawking sobre a inteligência artificial.

“Acredito que continuaremos no comando da tecnologia por um período razoável de tempo, e o potencial dela de resolver muitos dos problemas globais será concretizado”, opinou o especialista em inteligência artificial Rollo Carpenter, criador do Cleverbot, cujo software aprende a imitar conversas humanas com crescente eficácia.

Carpenter disse que ainda estamos longe de ter o conhecimento de computação ou de algoritmos necessário para alcançar a inteligência artificial plena, mas acredita que isso acontecerá nas próximas décadas.

“Não podemos saber exatamente o que acontecerá se uma máquina superar nossa inteligência, então não sabemos se ela nos ajudará para sempre ou se nos jogará para escanteio e nos destruirá”, disse Carpenter, que apesar disso vê o cenário como otimismo por acreditar que a inteligência artificial será uma força positiva.

Ao mesmo tempo, Hawking não está sozinho em seu temor.

No curto prazo, há preocupação quanto à eliminação de milhões de postos de trabalho por conta de máquinas capazes de realizar tarefas humanas; mas líderes de empresas de alta tecnologia, como Elon Musk, da fabricante de foguetes espaciais Space X, acreditam que, a longo prazo, a inteligência artificial se torne “nossa maior ameaça existencial”.

Voz

Na entrevista à BBC, Hawking também alertou para os perigos da internet, citando o argumento usado por centros de inteligência britânicos de que a rede estaria se tornando “um centro de comando para terroristas”.

Mas o cientista se disse entusiasta de todas as tecnologias de comunicação e espera conseguir escrever com mais rapidez usando o seu novo sistema.

Um aspecto tecnológico que não mudou no sistema é a voz robotizada que externaliza os pensamentos de Hawking. Mas o cientista diz que não faz questão de ter uma voz que soe natural.

“(A voz robótica) se tornou minha marca registrada, e não a trocaria por uma mais natural com sotaque britânico”, disse. “Ouvi dizer que crianças que precisam de vozes computadorizadas querem uma igual à minha.”

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Maior mineroduto do mundo começa a funcionar em meio a queixas




Na manhã de 23 de agosto, a lavradora Maria da Consolação da Silva, 63, encontrou dezenas de peixes mortos no córrego atrás de casa. Eram traíras e piabas boiando de barriga para cima no meio de uma água cheia de espuma.

“Não sei até hoje o que matou os peixes”, conta dona Maria. “Só sei que não sobrou nem um lambarizinho nessa água”, diz ela, que mora há 20 anos na área e usava o córrego para pescar, lavar roupa e dar água aos animais.

Segundo o laudo do centro tecnológico Cetec, os peixes morreram de hemorragia por causa da água contaminada com amônia. O governo acredita que soda cáustica tenha sido despejada na água.

A casa de dona Maria da Consolação fica a três quilômetros da barragem de rejeitos da mineradora Anglo American. É lá que são represados resíduos químicos resultantes do beneficiamento do minério de ferro que a Anglo extrai da região;



A empresa afirma estar investigando o caso e diz que o laudo não é conclusivo.

A mortandade de peixes é só mais um novo capítulo da história atribulada do maior mineroduto do mundo, o Minas Rio, projeto que o ex-bilionário Eike Batista vendeu à Anglo em 2008.

Com cinco anos de atraso e custo de US$10 bilhões acima do estimado, um dos maiores estouros de orçamento da história da mineração, o mineroduto começou a funcionar no fim de outubro.

Trata-se de um duto de 529 quilômetros que sai da mina e da planta de beneficiamento do minério, em Conceição do Mato Dentro (MG), passa por 32 cidades e chega ao por dp Aço (RJ), levando minério misturado com água. O primeiro navio, com 80 mil toneladas de ferro, zarpou rumo a China.

Na esteira do projeto Minas Rio, que inclui mina, mineroduto e porto, problemas se acumulam: casas próximas ao mineroduto tremem e trincam, moradores se queixam da poluição dos rios e eleminação das nascentes, técnicos disseram terem sido achacados para liberar licenças ambientais, muitos centestam a venda de suas propriedades á empresa.

Para completar, em meio a uma das piores secas que Minas Gerais já viveu, a mina e o mineroduto consomem 2.500 metros cúbicos de água por hora, quantidade suficiente para abastecer uma cidade de 220 mil habitantes.

“Há uma seca e não temos controle suficientes, essas outorgas para uso da água percisam ser revistas”, diz Marcelo Mata Machado, promotor público de Conceição.

TERREMOTO

O mineroduto passa a cem metros do terreno de Rosemeire Teixeira, 50, na comunidade do Turco. Quando ligam as bombas, tudo na casa vibra. “Parece terremoto: a gente senta na cama e fica tudo tremendo, os pratos batem uns nos outro. Olha esta rachadura aqui”, mostra.

No estudo de impacto ambientao (EIA-Rima), a minerado diz que “a localização relativa das estações de bombeamento, combinada com o nível de ruído das bombas, não trará incômodos às comunidades.

Os moradores do Turco não são considerados atingidos pela obra e não têm direto a indenização.

A Anglo admite que foi detectada vibração no mineroduto, que diz se “fato incomum”, e que “tomará as medidas cabíveis”.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2014/12/1555725-maior-mineroduto-do-mundo-comeca-a-funcionar-em-meio-a-queixas.shtml