domingo, 7 de abril de 2013

Dia dos jornalistas e a violência contra a categoria.





Hoje é o dia dos jornalistas! 

Parabéns a todos esses guerreiros! 

Que toda nossa categoria tenha sempre muita força para conseguir cumprir bem sua missão e superar todos os obstáculos que a profissão nos impõe. 

É lamentável, inadmissível , muito triste mesmo, que alguns profissionais ainda sofram retaliações, sejam ameaçados, amordaçados e até mesmo paguem com a própria vida o exercício ético e consciente do jornalismo!



Violência contra jornalistas ataca os princípios do Estado de Direito, diz presidente da Fenaj
Thais Leitão - Agência Brasil


BRASÍLIA – A violência cometida contra jornalistas por causa de sua atividade não é somente um atentado contra os direitos humanos de um cidadão, mas representa um preocupante ataque aos princípios democráticos do Estado de Direito que, entre outras consequências, traz sérios prejuízos à liberdade de expressão e ao direito dos cidadãos ao acesso à informação. A avaliação é do presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Celso Schröder.

Embora questione dados de organismos internacionais que, para ele, superdimensionam esse tipo de violência no Brasil – pois consideram ataques a todos os profissionais de comunicação, além dos jornalistas - Schröder diz que a situação no país é preocupante porque revela o enfrentamento de interesses privados ao Estado. "Essa violência ocorre, em geral, poque há segmentos que entendem que o exercício do jornalismo atrapalha seus interesses e impedem que eles se realizem. O problema é que se isso não for combatido com efetividade, a situação deixa de ser um crime espontâneo e passa a representar uma ação organizada de enfrentamento ao Estado”, disse.

Para Schröder, “quando se mata um jornalista em razão de sua atividade, o objetivo não é atuar contra a pessoa, mas contra a liberdade de expressão e à publicização do que é de interesse de toda a sociedade”.

O presidente da Fenaj destacou que, no Brasil, diferentemente do que ocorre em outros países, como o México por exemplo, a cobertura mais perigosa não é a policial ou de conflitos, mas a ligada a temas políticos. “Essa cobertura é a mais perigosa porque há uma dificuldade de relacionamento muito evidente entre setores do poder político e econômico e a publicização de seus atos”, enfatizou.

Para ele, o governo e a sociedade civil têm acordado para a problemática e algumas respostas estão sendo construídas para aumentar as condições de segurança da categoria profissional. Ele citou a proposta de criação do Observatório da Violência contra Profissionais da Comunicação, que vai analisar as denúncias de violência e monitorar o desdobramento de cada caso, no âmbito da Secretaria de Direitos Humanos.

O presidente da Fenaj falou também sobre o Projeto de Lei 1.078/2011, em tramitação no Congresso Nacional, que transfere à esfera federal a responsabilidade de apurar os crimes cometidos contra jornalista no execício da atividade, quando as autoridades estaduais não conseguirem esclarecer o caso em 90 dias.

Schröder defende a instituição de um Protocolo Nacional de Segurança, a ser adotado pelas empresas de comunicação. “As empresas precisam se comprometer a construir uma cultura de segurança. Jornalistas têm que ser treinados para lidar com situações de risco, mas não como militares. Devem ter respaldo para buscar a notícia sem assumir riscos desnecessários”.

A professora Valci Zuculoto, do departamento de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina, acrescentou outro fator que também pode ser considerado um tipo de violência contra os jornalistas e compromete a qualidade da informação prestada à sociedade.

“As condições de trabalho da categoria também têm impacto sobre essa questão. Carga de trabalho extenuante, salários baixos que levam os profissionais a terem três, quatro empregos constituem formas de violência que precisam ser combatidas para não prejudicar a prestação do serviço de interesse público, que tem que ser baseada na pluralidade e na qualificação da informação”, enfatizou.

Levantamento divulgado em janeiro deste ano mostra que o Brasil perdeu nove posições no ranking mundial de liberdade de imprensa. Elaborado pela organização não governamental (ONG) Repórteres sem Fronteiras, o ranking leva em consideração elementos que vão desde a violência contra jornalistas até a legislação do setor.

Relatório da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), divulgado no início deste ano, apontou que em 2012 foram assassinados 119 jornalistas em todo o mundo, o maior número desde que a instituição iniciou os registros, em 1997. O documento destaca que, diferentemente do que se pode imaginar, a maioria desses profissionais mortos não estava cobrindo conflitos armados, mas histórias dos locais onde vivem, com temas relacionados, principalmente, à corrupção e a atividades ilegais, como crime organizado e drogas.


sexta-feira, 5 de abril de 2013

O apego é a fonte do sofrimento




Vale a pena conferir o texto abaixo, que nos faz refletir sobre o que realmente importa nesta vida!


Dominando a própria mente ...

* Alexandre Saioro



Vivemos em busca, sempre em busca de algo que achamos que precisamos. Poucas vezes questionamos a razão e o sentido destas buscas. E quando fazemos isto, o que habitualmente questionamos sempre é o objeto da busca e não este impulso contínuo de se apegar a um objeto.

Se olharmos sinceramente como são nossas vidas, veremos que ela se resume a uma movimento cíclico de busca de alívio de alguma insatisfação ou desconforto onde o que procuramos mudar é apenas o objeto de apego como, por exemplo, condições ambientais e sociais, e relacionamentos pessoais.

Será que nosso sofrimento se dá pela falta, mudança ou perda de certos objetos de desejo, ou seria por esta constante inquietação que nos leva a nos apegarmos, desejarmos e odiarmos certos objetos?

Se investigarmos profundamente todo o sofrimento que existe no mundo, veremos que sua origem está no apego. Segundo o budismo, o apego é causado pela ignorância de nossa verdadeira natureza, plena de contentamento, sabedoria e compaixão. E ao entendermos o apego e utilizarmos certas ferramentas para desfazer este estado mental, podemos eliminar as causas de nosso sofrimento, assim como ajudar aos outros seres a não criar estas causas.

No texto a seguir, Chagdud Khadro nos traz um esclarecimento inicial, baseado na Sabedoria Budista, sobre a natureza do apego, suas dolorosas conseqüências e como podemos lidar com ele.



Apego, uma primeira abordagem -
Chagdud Khadro


O apego permeia de forma tão completa a mente dos seres humanos e determina tão consistentemente nossas ações, que nosso estado de existência é conhecido como “reino do desejo”. Fabricamos este reino ao nos fixarmos tanto nas aparências comuns do ambiente externo, quanto nas aparências mais sutis do ambiente interno da mente, que são os conceitos e as emoções. A partir desta fixação criamos um vasto espectro de experiências. Em uma extremidade, surge uma experiência infernal a partir da fixação nos objetos da raiva e do ódio – o apego convertido em total aversão. Na outra extremidade, a fixação em certos estados de meditação – um tipo de apego extremamente sutil, no entanto poderoso – resulta numa existência plena de êxtase, ainda que temporária e condicionada pelo desejo.

O apego emerge da falta de compreensão da natureza da vacuidade e da impermanência dos fenômenos. Esse equívoco fundamental é enormemente potencializado por nossos desejos mundanos que, simultaneamente, nos seduzem e frustram. Não compreendendo que nada é permanente, ou mesmo confiável, na experiência comum, temos desejos e anseios pelas coisas do mundo.

Os desejos surgem incessantemente e ficamos frustrados por não obter o que queremos, por não possuirmos o suficiente, por termos algo que não queremos mais, ou por conseguir as coisas e perdê-las. Para as pessoas mais introspectivas, o próprio processo de fixação, a formação dos apegos, assim como o esforço para satisfazer os desejos, se tornam profundamente desgastantes.

Também é desgastante reconhecer que o poder do nosso apego, o hábito forte de sermos apegados, nos impulsionou ao longo de incontáveis vidas passadas e nos impulsionará ao longo de incontáveis vidas futuras, a não ser que possamos encontrar a liberação. E não estamos sós nessa dificuldade, que é compartilhada por todos os demais seres sencientes, incluindo aqueles que nos são mais queridos. Todos nós, da mesma maneira, somos iludidos pela miragem da satisfação e estamos enredados em nossa própria teia de apegos. Essa percepção, em si, se torna uma fonte de compaixão.

Na maioria dos casos, existe um certo padrão no processo que usamos para desenredar essa teia. A tristeza e a dor direcionam nossa mente para questões mais amplas sobre a vida, que só podem ser resolvidas através de uma busca espiritual. A força da impermanência nos leva continuamente a novas e contínuas alianças com amigos, casamentos, romances e laços familiares; a reviravoltas nas carreiras e contas bancárias; a mudanças nos recursos, residências e projetos; a melhoras e declínios na saúde e no bem-estar. Sabemos que, num determinado momento, vamos nos deparar com o esgotamento da juventude e a deterioração de nosso próprio corpo, com a velhice e a morte.

Se, nesse momento, tivermos a fortuna de encontrar um autêntico mestre espiritual, e se este mestre possuir a sabedoria nascida do escutar, contemplar e meditar sobre os ensinamentos da linhagem do Buda Sakiamuni, ele ou ela vai nos aconselhar a não nos afastarmos da verdade da impermanência, e sim a olhá-la profunda e diretamente. Ao examinar o nosso interior, descobrimos que as ocorrências mentais também são impermanentes, que os pensamentos e emoções vêm e vão como o vento, que as próprias características das nossas identidades pessoais são variáveis. Se olharmos para dentro de nós com as lentes da meditação, ficaremos abismados com a proliferação dos fenômenos mentais, com seu movimento agitado, seus incontáveis pontos de fixação seguidos de exigências infindáveis, digressões, imaginações e humores. Achamos difícil sentar em silêncio e olhar para eles!

Para alguém que leva a sério o desenvolvimento espiritual, a primeira questão é como domar esses aspectos desregrados da própria mente.

A consciência da impermanência é a chave para o trabalho com o apego, um processo que abarca muitos níveis espirituais, envolvendo desde o principiante que busca o domínio do apego comum ao interesse pelo próprio eu, até o grandioso bodisatva, que liquida os últimos vestígios de apego a certos hábitos sutis da mente. Em cada estágio, o crescimento da compaixão é a medida que determina o quanto as amarras do apego estão se afrouxando. A liberação do egocentrismo permite a expressão mais espontânea de nossas qualidades naturais de compaixão. Especialmente, desenvolvemos a aspiração sincera de que todos os seres, nossos companheiros no reino do desejo, encontrem a liberação do apego ao mundo externo e interno como sendo reais, libertando-se da exaustiva busca pela realização de seus desejos, que leva apenas, e cada vez mais, em direção à ilusão e ao sofrimento. Essa também é a aspiração que temos em relação a nós mesmos.



* Alexandre Saioro é professor do Programa de Redução do Estresse - A Arte do Estresse - e instrutor Budista em Nova Friburgo.

Por: Forum Seculo XXI