Vale a pena conferir o texto abaixo, que nos faz refletir sobre o que realmente importa nesta vida!
Dominando a própria mente ...
* Alexandre Saioro
Vivemos em busca, sempre em busca de algo que achamos que precisamos. Poucas vezes questionamos a razão e o sentido destas buscas. E quando fazemos isto, o que habitualmente questionamos sempre é o objeto da busca e não este impulso contínuo de se apegar a um objeto.
Se olharmos sinceramente como são nossas vidas, veremos que ela se resume a uma movimento cíclico de busca de alívio de alguma insatisfação ou desconforto onde o que procuramos mudar é apenas o objeto de apego como, por exemplo, condições ambientais e sociais, e relacionamentos pessoais.
Será que nosso sofrimento se dá pela falta, mudança ou perda de certos objetos de desejo, ou seria por esta constante inquietação que nos leva a nos apegarmos, desejarmos e odiarmos certos objetos?
Se investigarmos profundamente todo o sofrimento que existe no mundo, veremos que sua origem está no apego. Segundo o budismo, o apego é causado pela ignorância de nossa verdadeira natureza, plena de contentamento, sabedoria e compaixão. E ao entendermos o apego e utilizarmos certas ferramentas para desfazer este estado mental, podemos eliminar as causas de nosso sofrimento, assim como ajudar aos outros seres a não criar estas causas.
No texto a seguir, Chagdud Khadro nos traz um esclarecimento inicial, baseado na Sabedoria Budista, sobre a natureza do apego, suas dolorosas conseqüências e como podemos lidar com ele.
Apego, uma primeira abordagem -
* Alexandre Saioro
Vivemos em busca, sempre em busca de algo que achamos que precisamos. Poucas vezes questionamos a razão e o sentido destas buscas. E quando fazemos isto, o que habitualmente questionamos sempre é o objeto da busca e não este impulso contínuo de se apegar a um objeto.
Se olharmos sinceramente como são nossas vidas, veremos que ela se resume a uma movimento cíclico de busca de alívio de alguma insatisfação ou desconforto onde o que procuramos mudar é apenas o objeto de apego como, por exemplo, condições ambientais e sociais, e relacionamentos pessoais.
Será que nosso sofrimento se dá pela falta, mudança ou perda de certos objetos de desejo, ou seria por esta constante inquietação que nos leva a nos apegarmos, desejarmos e odiarmos certos objetos?
Se investigarmos profundamente todo o sofrimento que existe no mundo, veremos que sua origem está no apego. Segundo o budismo, o apego é causado pela ignorância de nossa verdadeira natureza, plena de contentamento, sabedoria e compaixão. E ao entendermos o apego e utilizarmos certas ferramentas para desfazer este estado mental, podemos eliminar as causas de nosso sofrimento, assim como ajudar aos outros seres a não criar estas causas.
No texto a seguir, Chagdud Khadro nos traz um esclarecimento inicial, baseado na Sabedoria Budista, sobre a natureza do apego, suas dolorosas conseqüências e como podemos lidar com ele.
Apego, uma primeira abordagem -
Chagdud Khadro
O apego permeia de forma tão completa a mente dos seres humanos e determina tão consistentemente nossas ações, que nosso estado de existência é conhecido como “reino do desejo”. Fabricamos este reino ao nos fixarmos tanto nas aparências comuns do ambiente externo, quanto nas aparências mais sutis do ambiente interno da mente, que são os conceitos e as emoções. A partir desta fixação criamos um vasto espectro de experiências. Em uma extremidade, surge uma experiência infernal a partir da fixação nos objetos da raiva e do ódio – o apego convertido em total aversão. Na outra extremidade, a fixação em certos estados de meditação – um tipo de apego extremamente sutil, no entanto poderoso – resulta numa existência plena de êxtase, ainda que temporária e condicionada pelo desejo.
O apego emerge da falta de compreensão da natureza da vacuidade e da impermanência dos fenômenos. Esse equívoco fundamental é enormemente potencializado por nossos desejos mundanos que, simultaneamente, nos seduzem e frustram. Não compreendendo que nada é permanente, ou mesmo confiável, na experiência comum, temos desejos e anseios pelas coisas do mundo.
Os desejos surgem incessantemente e ficamos frustrados por não obter o que queremos, por não possuirmos o suficiente, por termos algo que não queremos mais, ou por conseguir as coisas e perdê-las. Para as pessoas mais introspectivas, o próprio processo de fixação, a formação dos apegos, assim como o esforço para satisfazer os desejos, se tornam profundamente desgastantes.
Também é desgastante reconhecer que o poder do nosso apego, o hábito forte de sermos apegados, nos impulsionou ao longo de incontáveis vidas passadas e nos impulsionará ao longo de incontáveis vidas futuras, a não ser que possamos encontrar a liberação. E não estamos sós nessa dificuldade, que é compartilhada por todos os demais seres sencientes, incluindo aqueles que nos são mais queridos. Todos nós, da mesma maneira, somos iludidos pela miragem da satisfação e estamos enredados em nossa própria teia de apegos. Essa percepção, em si, se torna uma fonte de compaixão.
Na maioria dos casos, existe um certo padrão no processo que usamos para desenredar essa teia. A tristeza e a dor direcionam nossa mente para questões mais amplas sobre a vida, que só podem ser resolvidas através de uma busca espiritual. A força da impermanência nos leva continuamente a novas e contínuas alianças com amigos, casamentos, romances e laços familiares; a reviravoltas nas carreiras e contas bancárias; a mudanças nos recursos, residências e projetos; a melhoras e declínios na saúde e no bem-estar. Sabemos que, num determinado momento, vamos nos deparar com o esgotamento da juventude e a deterioração de nosso próprio corpo, com a velhice e a morte.
Se, nesse momento, tivermos a fortuna de encontrar um autêntico mestre espiritual, e se este mestre possuir a sabedoria nascida do escutar, contemplar e meditar sobre os ensinamentos da linhagem do Buda Sakiamuni, ele ou ela vai nos aconselhar a não nos afastarmos da verdade da impermanência, e sim a olhá-la profunda e diretamente. Ao examinar o nosso interior, descobrimos que as ocorrências mentais também são impermanentes, que os pensamentos e emoções vêm e vão como o vento, que as próprias características das nossas identidades pessoais são variáveis. Se olharmos para dentro de nós com as lentes da meditação, ficaremos abismados com a proliferação dos fenômenos mentais, com seu movimento agitado, seus incontáveis pontos de fixação seguidos de exigências infindáveis, digressões, imaginações e humores. Achamos difícil sentar em silêncio e olhar para eles!
Para alguém que leva a sério o desenvolvimento espiritual, a primeira questão é como domar esses aspectos desregrados da própria mente.
A consciência da impermanência é a chave para o trabalho com o apego, um processo que abarca muitos níveis espirituais, envolvendo desde o principiante que busca o domínio do apego comum ao interesse pelo próprio eu, até o grandioso bodisatva, que liquida os últimos vestígios de apego a certos hábitos sutis da mente. Em cada estágio, o crescimento da compaixão é a medida que determina o quanto as amarras do apego estão se afrouxando. A liberação do egocentrismo permite a expressão mais espontânea de nossas qualidades naturais de compaixão. Especialmente, desenvolvemos a aspiração sincera de que todos os seres, nossos companheiros no reino do desejo, encontrem a liberação do apego ao mundo externo e interno como sendo reais, libertando-se da exaustiva busca pela realização de seus desejos, que leva apenas, e cada vez mais, em direção à ilusão e ao sofrimento. Essa também é a aspiração que temos em relação a nós mesmos.
* Alexandre Saioro é professor do Programa de Redução do Estresse - A Arte do Estresse - e instrutor Budista em Nova Friburgo.
Por: Forum Seculo XXI
O apego permeia de forma tão completa a mente dos seres humanos e determina tão consistentemente nossas ações, que nosso estado de existência é conhecido como “reino do desejo”. Fabricamos este reino ao nos fixarmos tanto nas aparências comuns do ambiente externo, quanto nas aparências mais sutis do ambiente interno da mente, que são os conceitos e as emoções. A partir desta fixação criamos um vasto espectro de experiências. Em uma extremidade, surge uma experiência infernal a partir da fixação nos objetos da raiva e do ódio – o apego convertido em total aversão. Na outra extremidade, a fixação em certos estados de meditação – um tipo de apego extremamente sutil, no entanto poderoso – resulta numa existência plena de êxtase, ainda que temporária e condicionada pelo desejo.
O apego emerge da falta de compreensão da natureza da vacuidade e da impermanência dos fenômenos. Esse equívoco fundamental é enormemente potencializado por nossos desejos mundanos que, simultaneamente, nos seduzem e frustram. Não compreendendo que nada é permanente, ou mesmo confiável, na experiência comum, temos desejos e anseios pelas coisas do mundo.
Os desejos surgem incessantemente e ficamos frustrados por não obter o que queremos, por não possuirmos o suficiente, por termos algo que não queremos mais, ou por conseguir as coisas e perdê-las. Para as pessoas mais introspectivas, o próprio processo de fixação, a formação dos apegos, assim como o esforço para satisfazer os desejos, se tornam profundamente desgastantes.
Também é desgastante reconhecer que o poder do nosso apego, o hábito forte de sermos apegados, nos impulsionou ao longo de incontáveis vidas passadas e nos impulsionará ao longo de incontáveis vidas futuras, a não ser que possamos encontrar a liberação. E não estamos sós nessa dificuldade, que é compartilhada por todos os demais seres sencientes, incluindo aqueles que nos são mais queridos. Todos nós, da mesma maneira, somos iludidos pela miragem da satisfação e estamos enredados em nossa própria teia de apegos. Essa percepção, em si, se torna uma fonte de compaixão.
Na maioria dos casos, existe um certo padrão no processo que usamos para desenredar essa teia. A tristeza e a dor direcionam nossa mente para questões mais amplas sobre a vida, que só podem ser resolvidas através de uma busca espiritual. A força da impermanência nos leva continuamente a novas e contínuas alianças com amigos, casamentos, romances e laços familiares; a reviravoltas nas carreiras e contas bancárias; a mudanças nos recursos, residências e projetos; a melhoras e declínios na saúde e no bem-estar. Sabemos que, num determinado momento, vamos nos deparar com o esgotamento da juventude e a deterioração de nosso próprio corpo, com a velhice e a morte.
Se, nesse momento, tivermos a fortuna de encontrar um autêntico mestre espiritual, e se este mestre possuir a sabedoria nascida do escutar, contemplar e meditar sobre os ensinamentos da linhagem do Buda Sakiamuni, ele ou ela vai nos aconselhar a não nos afastarmos da verdade da impermanência, e sim a olhá-la profunda e diretamente. Ao examinar o nosso interior, descobrimos que as ocorrências mentais também são impermanentes, que os pensamentos e emoções vêm e vão como o vento, que as próprias características das nossas identidades pessoais são variáveis. Se olharmos para dentro de nós com as lentes da meditação, ficaremos abismados com a proliferação dos fenômenos mentais, com seu movimento agitado, seus incontáveis pontos de fixação seguidos de exigências infindáveis, digressões, imaginações e humores. Achamos difícil sentar em silêncio e olhar para eles!
Para alguém que leva a sério o desenvolvimento espiritual, a primeira questão é como domar esses aspectos desregrados da própria mente.
A consciência da impermanência é a chave para o trabalho com o apego, um processo que abarca muitos níveis espirituais, envolvendo desde o principiante que busca o domínio do apego comum ao interesse pelo próprio eu, até o grandioso bodisatva, que liquida os últimos vestígios de apego a certos hábitos sutis da mente. Em cada estágio, o crescimento da compaixão é a medida que determina o quanto as amarras do apego estão se afrouxando. A liberação do egocentrismo permite a expressão mais espontânea de nossas qualidades naturais de compaixão. Especialmente, desenvolvemos a aspiração sincera de que todos os seres, nossos companheiros no reino do desejo, encontrem a liberação do apego ao mundo externo e interno como sendo reais, libertando-se da exaustiva busca pela realização de seus desejos, que leva apenas, e cada vez mais, em direção à ilusão e ao sofrimento. Essa também é a aspiração que temos em relação a nós mesmos.
* Alexandre Saioro é professor do Programa de Redução do Estresse - A Arte do Estresse - e instrutor Budista em Nova Friburgo.
Por: Forum Seculo XXI
2 comentários:
Olá, obrigado pelo seu artigo.
Encontrei o seu post através da pesquisa apego + sofrimento.
É um padrão que tenho sentido ultimamente. Quando me afecto com alguém, seja amigo ou familiar, custa-me não se correspondido. E segundo o que li agora, e faz sentido, está tudo relacionado com o ego.
Procuro investigar um pouco mais sobre este assunto, mais particularmente a "consciência da impermanência" de que fala.
Onde posso aprender sobre este assunto?
Obrigado!
Caro Anônimo,
O texto acima traz uma abordagem do budismo tibetano então você poderá procurar algum centro de budismo que tenha uma linhagem de mestres autênticos das linhagens Nyingma, Kagyu, Sakya e Gelug onde você mora ou em alguma cidade perto para se orientar com um lama qualificado.
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