Engenheiros da Google sugerem: parem de pensar nos carros como propriedades e comecem a pensar neles como serviços.
Do Observer
por The Observer — publicado 08/06/2014 08:23, última modificação 08/06/2014 10:59
Reprodução/ googleblog
Carro google: veículo padrão com um piloto automático
Por John Naughton
Você deve ter ouvido falar no carro sem motorista da Google. Na verdade, se você for um leitor habitual, estará completamente familiarizado com o veículo, porque este colunista sempre fala a respeito. A justificativa para essa obsessão é que o sucesso do projeto do veículo autônomo deve servir como um chamado de despertar para qualquer pessoa que acredite na superioridade dos humanos em relação às máquinas.
Dito isso, havia algo estranhamente tranquilizador nos carros sem motorista originais. Por um lado, eram automóveis Toyota e Nexus comuns equipados com 250 mil dólares em computadores, sensores, lasers e utensílios associados. Depois, tinham volantes, câmbio, pedais de freio, espelhos retrovisores e todos os outros itens de um carro padrão. Um "motorista" humano sempre poderia assumir o controle simplesmente tocando a direção. Por isso, de certa maneira você poderia pensar nele como apenas um veículo padrão com um piloto automático.
Mas havia uma mosca ligeiramente perturbadora na sopa. Foi revelado o seguinte: a frota de carros Google tinha coberto mais de 800 mil quilômetros em movimentadas estradas e ruas da Califórnia, e em todo esse trajeto somente um esteve envolvido em um pequeno acidente. Na verdade, aconteceu quando um dos carros foi dirigido por uma pessoa. As implicações disso poderiam não ter sido evidentes para todo mundo, mas se os veículos Google fossem deixados livres nas estradas públicas, uma indústria em particular prestaria atenção: as seguradoras. Poderíamos imaginar o dia em que os proprietários de carros teriam de pagar prêmios mais altos se desejassem conduzir pessoalmente.
Sabemos hoje que as implicações do histórico de segurança dos carros sem motoristas tampouco passaram despercebidas à Google. Na semana passada a companhia apresentou sua última variação sobre o tema do veículo autônomo. É um carro para duas pessoas, semelhante a uma cápsula ou casulo, com escotilhas ao redor e pequenas rodas. Parece na verdade uma coisa saída das histórias de Enid Blyton Noddy. O vídeo promocional mostra um grupo animado de pessoas de meia idade a chamar esses casulos móveis com seus smartphones. Os casulos andam com um zumbido e param suavemente, esperando que as pessoas embarquem. Elas entram, prendem os cintos de segurança e olham ao redor procurando o volante, câmbio, pedal de freio, etc.
Então vem a surpresa: nada disso existe no casulo! Em seu lugar, há dois botões, um marcado "iniciar" e outro marcado "parar". Há também uma tela de computador horizontal que sem dúvida permite que esses admiráveis novos motoristas realizem pesquisas no Google enquanto trafegam. As implicações são extremamente claras: a Google decidiu que a coisa mais segura é eliminar totalmente o motorista humano.
Nesta altura, seria apenas, bem... humano irritar-se com a ousadia desses geeks. Quem pensam que são? É melhor, porém, acalmar-se e tentar adivinhar aonde isto vai levar.
Aqui está uma maneira de ver a coisa. A Google é, por excelência – e em um grau raramente visto na indústria – uma companhia de engenharia, e os engenheiros não gostam da irracionalidade desordenada da vida real. Eles olham para nosso mundo motorizado e veem que gastamos fortunas na aquisição, manutenção e operação de carros geralmente conduzidos por uma única pessoa. Mais: passam boa parte do tempo imobilizados em congestionamentos urbanos e grande parte do resto do tempo estacionados nas ruas. Eles veem governos e autoridades locais levados à confusão, senão à falência, pelos custos de fornecer ruas e infraestrutura para sustentar nosso hábito motorizado. Eles veem a mortalidade, os custos ambientais e de saúde dos automóveis controlados por humanos. E pensam: isto é loucura.
Então, dizem os engenheiros da Google, por que não paramos de pensar nos carros como propriedades e começamos a pensar neles como serviços? Todos sentimos a necessidade de possuir e operar nossos próprios carros porque os táxis são caros, os ônibus são inconfiáveis e seu carro está sempre disponível quando você precisa. Mas e se as áreas urbanas fossem inundadas por casulos autônomos da Google, cada um deles capaz de ser chamado com um assobio, usando um smartphone que detecta aquele mais mais próximo? Ele poderia apanhá-lo e entregá-lo em segurança no seu destino. E fazer isso muito mais barato que qualquer veículo dirigido por uma pessoa.
Não seria uma maneira mais racional de organizar o transporte urbano?
por The Observer — publicado 08/06/2014 08:23, última modificação 08/06/2014 10:59
Reprodução/ googleblog
Carro google: veículo padrão com um piloto automático
Por John Naughton
Você deve ter ouvido falar no carro sem motorista da Google. Na verdade, se você for um leitor habitual, estará completamente familiarizado com o veículo, porque este colunista sempre fala a respeito. A justificativa para essa obsessão é que o sucesso do projeto do veículo autônomo deve servir como um chamado de despertar para qualquer pessoa que acredite na superioridade dos humanos em relação às máquinas.
Dito isso, havia algo estranhamente tranquilizador nos carros sem motorista originais. Por um lado, eram automóveis Toyota e Nexus comuns equipados com 250 mil dólares em computadores, sensores, lasers e utensílios associados. Depois, tinham volantes, câmbio, pedais de freio, espelhos retrovisores e todos os outros itens de um carro padrão. Um "motorista" humano sempre poderia assumir o controle simplesmente tocando a direção. Por isso, de certa maneira você poderia pensar nele como apenas um veículo padrão com um piloto automático.
Mas havia uma mosca ligeiramente perturbadora na sopa. Foi revelado o seguinte: a frota de carros Google tinha coberto mais de 800 mil quilômetros em movimentadas estradas e ruas da Califórnia, e em todo esse trajeto somente um esteve envolvido em um pequeno acidente. Na verdade, aconteceu quando um dos carros foi dirigido por uma pessoa. As implicações disso poderiam não ter sido evidentes para todo mundo, mas se os veículos Google fossem deixados livres nas estradas públicas, uma indústria em particular prestaria atenção: as seguradoras. Poderíamos imaginar o dia em que os proprietários de carros teriam de pagar prêmios mais altos se desejassem conduzir pessoalmente.
Sabemos hoje que as implicações do histórico de segurança dos carros sem motoristas tampouco passaram despercebidas à Google. Na semana passada a companhia apresentou sua última variação sobre o tema do veículo autônomo. É um carro para duas pessoas, semelhante a uma cápsula ou casulo, com escotilhas ao redor e pequenas rodas. Parece na verdade uma coisa saída das histórias de Enid Blyton Noddy. O vídeo promocional mostra um grupo animado de pessoas de meia idade a chamar esses casulos móveis com seus smartphones. Os casulos andam com um zumbido e param suavemente, esperando que as pessoas embarquem. Elas entram, prendem os cintos de segurança e olham ao redor procurando o volante, câmbio, pedal de freio, etc.
Então vem a surpresa: nada disso existe no casulo! Em seu lugar, há dois botões, um marcado "iniciar" e outro marcado "parar". Há também uma tela de computador horizontal que sem dúvida permite que esses admiráveis novos motoristas realizem pesquisas no Google enquanto trafegam. As implicações são extremamente claras: a Google decidiu que a coisa mais segura é eliminar totalmente o motorista humano.
Nesta altura, seria apenas, bem... humano irritar-se com a ousadia desses geeks. Quem pensam que são? É melhor, porém, acalmar-se e tentar adivinhar aonde isto vai levar.
Aqui está uma maneira de ver a coisa. A Google é, por excelência – e em um grau raramente visto na indústria – uma companhia de engenharia, e os engenheiros não gostam da irracionalidade desordenada da vida real. Eles olham para nosso mundo motorizado e veem que gastamos fortunas na aquisição, manutenção e operação de carros geralmente conduzidos por uma única pessoa. Mais: passam boa parte do tempo imobilizados em congestionamentos urbanos e grande parte do resto do tempo estacionados nas ruas. Eles veem governos e autoridades locais levados à confusão, senão à falência, pelos custos de fornecer ruas e infraestrutura para sustentar nosso hábito motorizado. Eles veem a mortalidade, os custos ambientais e de saúde dos automóveis controlados por humanos. E pensam: isto é loucura.
Então, dizem os engenheiros da Google, por que não paramos de pensar nos carros como propriedades e começamos a pensar neles como serviços? Todos sentimos a necessidade de possuir e operar nossos próprios carros porque os táxis são caros, os ônibus são inconfiáveis e seu carro está sempre disponível quando você precisa. Mas e se as áreas urbanas fossem inundadas por casulos autônomos da Google, cada um deles capaz de ser chamado com um assobio, usando um smartphone que detecta aquele mais mais próximo? Ele poderia apanhá-lo e entregá-lo em segurança no seu destino. E fazer isso muito mais barato que qualquer veículo dirigido por uma pessoa.
Não seria uma maneira mais racional de organizar o transporte urbano?
Até recentemente, a pergunta teria sido discutível. Mas os engenheiros do Google mostraram que é tecnicamente possível. Eles estão atirando uma luva para nossos sistemas políticos e também para nossos preconceitos. Ah, e caso você pense que eles não sabem o que estão fazendo, a Google tem uma participação na Uber. Trata-se de uma companhia que permite chamar um táxi próximo pelo smartphone. Esses carros hoje são dirigidos por humanos, mas... bem, você entendeu.
Leia mais no guardian.co.uk
Fonte:http://www.cartacapital.com.br/tecnologia/automoveis-nao-serao-mais-propriedade-privada-4597.html
Fonte:http://www.cartacapital.com.br/tecnologia/automoveis-nao-serao-mais-propriedade-privada-4597.html
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