Leonardo Boff
Eu já falei algumas vezes neste blog sobre a importância da regulamentação da comunicação no Brasil. Regulamentar não é podar nem proibir e sim, normatizar e criar novas possibilidades para que tenhamos uma comunicação democrática, abrangente, inclusiva, regionalizada e construtiva no país. Uma comunicação voltada para o cidadão e a construção da cidadania.
A mídia no Brasil sempre teve dono e pertence a cerca de no máximo 08 poderosas famílias. Devemos exigir a renovação desse velhos impérios midiáticos que usam o poder que ainda lhes resta para tentar denegrir imagens, caluniar e mentir em nome da defesa dos interesses do povo enquanto, na verdade, lutam contra o povo e a favor dos próprios interesses financeiros e de poder.
A imprensa deve ser livre sim, mas, deve seguir regras e ter como objetivo a formação crítica do cidadão. Levar a informação da forma ética e responsável é uma obrigação dos veículos que infelizmente, não agem assim.
Outra coisa condenável é a acusação e o julgamento de pessoas pela mídia em geral. A mídia hoje é quem acusa e condena no Brasil.
Os veículos de comunicação são concessão pública e como tal devem prestar serviço ao povo. Mas, o que vemos é estrutura que é de todos, usada a favor dos interesses de poucos.
Precisamos mudar essas regras e garantir, por exemplo, a obrigatoriedade da regionalização da programação das tvs e rádios, a obrigatoriedade de programas que levem conhecimento, educação e cultura para as pessoas ao invés do lixo televisivo que hoje permeia as tvs e, consequentemente, os lares brasileiros. Precisamos ampliar os espaços para o povo se manifestar,
Precisamos repensar a comunicação no Brasil como um todo, rever as concessões, abrir novos espaços, permitir a abertura de mais tvs e rádios comunitárias para avançar a nossa democracia e a justiça social.
E sobre esse comportamento vil dessa oligarquia midiática brasileira, li hoje um dos mais bem escritos e pertinentes textos que já vi em toda minha vida, escrito por Leonardo Boff.
Leia com calma e reflita sobre cada palavra desse ilustre pensador, teólogo, filósofo e escritor.
A mídia comercial em guerra contra Lula e Dilma
25/9/2010 17:41, Por Leonardo Boff - do Rio de Janeiro
25/9/2010 17:41, Por Leonardo Boff - do Rio de Janeiro
Sou profundamente pela liberdade de expressão em nome da qual fui punido com o “silêncio obsequioso” pelas autoridades do Vaticano. Sob risco de ser preso e torturado, ajudei a editora Vozes a publicar corajosamente o Brasil Nunca Mais, onde se denunciavam as torturas, usando exclusivamente fontes militares, o que acelerou a queda do regime autoritário.
Na sua fúria, quais desesperados e inapelavelmente derrotados, seus donos, editorialistas e analistas não têm o mínimo respeito devido a mais alta autoridade do país, ao presidente Lula. Nele veem apenas um peão a ser tratado com o chicote da palavra que humilha.
Mas há um fato que eles não conseguem digerir em seu estômago elitista. Custa-lhes aceitar que um operário, nordestino, sobrevivente da grande tribulação dos filhos da pobreza, chegasse a ser presidente. Este lugar, a Presidência, assim pensam, cabe a eles, os ilustrados, os articulados com o mundo, embora não consigam se livrar do complexo de vira-latas, pois se sentem meramente menores e associados ao grande jogo mundial. Para eles, o lugar do peão é na fábrica produzindo.
Pois esse é o sentido da guerra que movem contra Lula. É uma guerra contra os pobres que estão se libertando. Eles não temem o pobre submisso. Eles têm pavor do pobre que pensa, que fala, que progride e que faz uma trajetória ascedente como Lula. Trata-se, como se depreende, de uma questão de classe. Os de baixo devem ficar em baixo. Ocorre que alguém de baixo chegou lá em cima. Tornou-se o presidente de todos os brasileiros. Isso para eles é simplesmente intolerável.
Os donos e seus aliados ideológicos perderam o pulso da história. Não se deram conta de que o Brasil mudou. Surgiram redes de movimentos sociais organizados, de onde vem Lula, e tantas outras lideranças. Não há mais lugar para coroneis e para “fazedores de cabeça” do povo. Quando Lula afirmou que “a opinião pública somos nós”, frase tão distorcida por essa midia raivosa, quis enfatizar que o povo organizado e consciente arrebatou a pretensão da midia comercial de ser a formadora e a porta-voz exclusiva da opinião pública. Ela tem que renunciar à ditadura da palabra escrita, falada e televisionada e disputar com outras fontes de informação e de opinião.
O povo cansado de ser governado pelas classes dominantes resolveu votar em si mesmo. Votou em Lula como o seu representante. Uma vez no Governo, operou uma revolução conceptual, inaceitável para elas. O Estado não se fez inimigo do povo, mas o indutor de mudanças profundas que beneficiaram mais de 30 milhões de brasileiros. De miseráveis se fizeram pobres laboriosos, de pobres laboriosos se fizeram classe média baixa e de classe média baixa de fizeram classe média. Começaram a comer, a ter luz em casa, a poder mandar seus filhos para a escola, a ganhar mais salário, em fim, a melhorar de vida.
Outro conceito innovador foi o desenvolvimento com inclusão soicial e distribuição de renda. Antes havia apenas desenvolvimento/crescimento que beneficiava aos já beneficiados à custa das massas destituidas e com salários de fome. Agora ocorreu visível mobilização de classes, gerando satisfação das grandes maiorias e a esperança que tudo ainda pode ficar melhor. Concedemos que no Governo atual há um déficit de consciência e de práticas ecológicas. Mas, importa reconhecer que Lula foi fiel à sua promessa de fazer amplas políticas públicas na direção dos mais marginalizados.
O que a grande maioria almeja é manter a continuidade deste processo de melhora e de mudança. Ora, esta continuidade é perigosa para a mídia comercial que assiste, assustada, ao fortalecimento da soberania popular que se torna crítica, não mais manipulável e com vontade de ser ator dessa nova história democrática do Brasil. Vai ser uma democracia cada vez mais participativa e não apenas delegatícia. Esta abria amplo espaço à corrupção das elites e dava preponderância aos interesses das classes opulentas e ao seu braço ideológico que é a mídia comercial. A democracia participativa escuta os movimentos sociais, faz do Movimento dos Sem Terra (MST), odiado especialmente pelaVEJA, que faz questão de não ver; protagonista de mudanças sociais não somente com referência à terra, mas também ao modelo econômico e às formas cooperativas de produção.
O que está em jogo neste enfrentamento entre a midia comercial e Lula/Dilma é a questão: que Brasil queremos? Aquele injusto, neocoloncial, neoglobalizado e, no fundo, retrógrado e velhista; ou o Brasil novo com sujeitos históricos novos, antes sempre mantidos à margem e agora despontando com energias novas para construir um Brasil que ainda nunca tínhamos visto antes?
Esse Brasil é combatido na pessoa do Presidente Lula e da candidata Dilma. Mas estes representam o que deve ser. E o que deve ser tem força. Irão triunfar a despeito das más vontades deste setor endurecido da midia comercial e empresarial. A vitória de Dilma dará solidez a este caminho novo ansiado e construido com suor e sangue por tantas gerações de brasileiros.
Leonardo Boff é teólogo, filósofo, escritor e representante da Iniciativa Internacional da Carta da Terra.
2 comentários:
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Tás brindando...Padre Leonardo Boff...tás brincando...a necessidade da reformar a mídia se deve à perseguição que a mesma move contra o governo Lula...tás brincando...inventam notícias sobre corrupção no governo com fins puramente eleitoreiros...tás brincando...a tal da Alice, Erenice, Berenice, Eunice ou o que nome tem, exemplo de ética e bom uso do dinheiro público, caiu vítima dessas malvadezas da imprensa elitista e caluniadora...tás brincando...os filhos, irmãos, cunhados e sei la mais o que indevida e maldosamente acusados de operar a maquininha da corrupção ...tás brincando...por que êsse governo é diferente dos anteriores, honesto até o talo...tás brincando...mensalão foi conto da mídia elitista que não aceita o presidente vindo do povo...tás brincando...dinheiro na cueca em pleno governo do homem simples e inocente que venceu as vicissitudes da pobreza e a perseguição da elite e se fez presidente foi pura invenção...tás brincando...quebra do sigilo bancário do caseiro que provou que o ministro era mentiroso é coisa da imprensa malvada...elite mentirosa...e tenho absoluta certeza de que Alice Eunice Berenice Erenice e seus filhinhos inocentes vão provar que tudo foi uma brincadeirinha...e se algum dia roubaram nesse governo o presidente não sabia...tás brincando...eu assim, na minha santa ignorancia e influenciado que sou pela mídia elitista, quero é que os corruptos da esquerda sejam enforcados nas tripas dos corruptos da direita...porque nunca antes na historia dêsse país teve um governo tão igual aos anteriores, roubam a esquerda e a direita...e eu, incapaz que sou de tirar corrupto do poder, fico acreditando que o presidente que eu ajudei a eleger vai fazer isso por mim...tás brincando...porque como disse alguém, que com certeza não é o padre Leonardo Boff, político e fralda de neném tem que trocar com frequência e pela mesma razão...mas êsse governo é diferente...tás brincando...se não pode evitar ser corrupto como os outros, vai cercear a liberdade de expressão para que a corrupção não venha a tona...afinal, corrupção que não é noticiada não existe...quanta brincadeira com o dinheiro público...mas se é público não tem dono, e assim sendo melhor será continuarmos brincando.
Desculpem a brincadeira,
Cacá
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