terça-feira, 2 de novembro de 2010

Proibir apenas não basta: é preciso discutir!






A descriminilização do uso de drogas é um assunto polêmico e recorrente em todo o mundo. Em vários países esse debate tem avançado muito, inclusive sobre a legalização delas.


Hoje mesmo está sendo realizado na Califórnia-USA um plebiscito que vai decidir pela legalização ou não da maconha, considerada a droga de menor impacto à saúde e à sociedade. 


O plebiscito em questão concentra nas urnas californianas os olhares do país nesta terça-feira, perguntando aos eleitores se o estado deveria autorizar o cultivo, posse, consumo e compra da substância por parte dos maiores de 21 anos. 


Se aprovada, a medida conhecida como Proposição 19 representaria uma importante fonte de renda por meio de impostos para os cofres do estado, onde o consumo de maconha sob prescrição médica já é legal.


Aqui no Brasil, infelizmente, o preconceito e o tabu impedem que o tema seja discutido e aprofundado no tom correto e necessário, inclusive para a criação de políticas públicas para os milhares de usuários de drogas de maior impacto. Usuários que, por conta da ilegalidade, estigma e criminilização, acabam largados à própria sorte e ficam sem atendimento e quase nenhuma ajuda.

Precisamos romper com esses pensamentos retrógados e discutir com seriedade assuntos que dizem respeito à saúde e bem estar do cidadão  como as drogas e o aborto, que matam milhares de pessoas por ano no país e que são tratadas como crime enquanto deveriam ser discutidas no âmbito de saúde pública.

A hipocrisia e o preconceito são tão grandes que ao invés de se debater  problemas como esses de forma civilizada, as pessoas preferem ser moralistas e acusar. Em nome  desse moralismo, quase sempre de fundo religioso , jogam a sujeira para debaixo do tapete enquanto milhares de pessoas são penalizadas e marginalizadas.


Por outro lado,  o álcool , que é a pior droga para o usuário e a sociedade em geral não é condenado e, muito pelo contrário, o uso dele é até mesmo incentivado.


Portanto, vamos abrir nossas mentes, extirpar os preconceitos e começar a debater de forma clara e objetiva todos esses assuntos polêmicos como  a descriminalização das drogas e do aborto, casamentos homossexuais entre outros temas que ainda chocam os mais conservadores mas, que são importantes para o avanço de toda nossa sociedade.


Vejam agora uma matéria que afirma que o álcool é muito mais danoso que outras drogas consideradas potencialmente nocivas:



Álcool é mais prejudicial do que a heroína ou o crack , diz estudo
DA BBC BRASIL


Um estudo britânico que analisou os danos causados aos usuários de drogas e para as pessoas que os cercam concluiu que o álcool é mais prejudicial do que a heroína ou o crack.
O estudo divulgado na revista científica "Lancet" classifica os danos causados por cada substância em uma escala de 16 pontos.
Os pesquisadores concluíram que a heroína e a anfetamina conhecida como "crystal meth" são mais danosas aos usuários, mas quando computados também os danos às pessoas em volta do usuário, no topo das substâncias mais nocivas estão, na ordem, o álcool, a heroína e o crack.
O cigarro e a cocaína são considerados igualmente nocivos também quando se leva em conta as pessoas do círculo social dos usuários, segundo os pesquisadores. Drogas como LSD e ecstasy foram classificadas entre as menos danosas.

APOLÍTICA
Um dos autores do estudo é David Nutt, que ocupou o cargo de principal conselheiro do governo britânico para a questão das drogas.

Após deixar o posto, no ano passado, ele formou o Comitê Científico Independente sobre Drogas, instituição que se propõe a investigar o tema de forma apolítica.

O professor Nutt afirma que "considerados os danos totais, o álcool, o crack e a heroína são claramente mais prejudiciais que todas as outras (substâncias)".

"Nossas conclusões confirmam outros trabalhos que afirmam que a classificação atual das drogas tem pouca relação com as evidências de danos", diz o estudo.

"Elas também consideram como uma estratégia de saúde pública válida e necessária o combate agressivo aos males do álcool."


Conheça também os Alcóolicos Anônimos lendo a matéria deste blog sobre o AA http://blogdadeborahrajao.blogspot.com/2010/09/alcoolatras-anonimos.html

4 comentários:

JDuarte disse...

Débora,

Você está certa quando diz que o tema merece ser discutido.
Mas, não posso concordar com a tese de que o álcool faça menos mal que o CRACK... Nem a pau.
Trabalho com gente que está se recuperando de alcool e drogas. O tal do craque não só vicia. Mata, mata mesmo. As pessoas perdem tudo. Identidade, valores e a coisa se dá de modo muito rápido...
Eles juntam a sobra da sobra e fazem as tais pedras... as pessoas fazem qualquer coisa por uma pedra na hora da abstinência. É terrível Deborah.
Maconha não faz tão mal, porém, pode ser considerada a porta das drogas. Se o cara não tem cabeça vai cada vez mais fundo.
E deste tema a gente conhece de cor e salteado. É preciso se discutir mais. Não basta Gabeira vir com a sua tanga de crochê e sair falando asneiras...
Um abração - JDuarte

Déborah Rajão disse...

João, o que a matéria mostrou é que o álcool é mais perigoso socialmente pois, ele atinge não apenas o doente mas todas as pessoas em volta dele. O alcoolismo é uma doença que destrói famílias, progressiva e fatal e nem todo mundo sabe disso além de que é uma droga legal, considerada lícita.


Na verdade, João, qualquer dependência química é uma doença e deve ser encarada como tal.

Quando criminalizamos não tratamos. Os usuários de outras drogas, assim como os alcóolicos, precisam é de tratamento e assistência e não de prisão ou qualquer outro tipo de punição.

A discussão das drogas deveria ser levada sob o ponto de vista de saúde pública e não criminal.

E para que isso seja possível, necessitaríamos ter um outro olhar sobre o assunto.

Jogar a sujeira para debaixo do tapete e fingir que o problema não existe por preconceito ou porque é probido não vai resolver o problema e nem fazer ele deixar de existir.

Hoje os californianos estão votando a liberação da maconha.

Aqui no Brasil, estamos longe disso mas, acho que temos que começar a encarar o tema para descobrir qual seria a melhor opção sob todas a óticas.

E para esse debate deveriam ser convocados a participar todos os atores envolvidos no tema, desde os usuários até os especialistas, para decidirem qual rumo tomar.

Eu defendo apenas o debate claro e aberto para que paremos de tentar tampar o sol com a peneira e penalizar sempre aqueles que mais precisam de ajuda.

O correto é buscar a melhor solução para o problema e a solução não passa apenas pelo combate ao tráfico.

Outra reflexão que deveríamos fazer é que a ilegalidade, se pensarmos bem, só ajuda a fortalecer o traficante e a violência gerada a partir do tráfico.

Por isso acho que seria interessante e muito importante conseguir avançar nessas questões.

Um grande abraço e obrigada por participar deste blog.

luis ARmando disse...

Conscientização e discussão sao sempre o melhor caminho. Afinal, somos ou nao livres para tomarmos nossas proprias decisões. Fechar os olhos e radicalizar com a proibiçao do consumo de drogas nao é nem nunca será a melhor saída. Como dizia um velho dito popular: "O que é proibido é sempre melhor" !
Chegou a hora de deixar a hipocrisia e o pensamento retrógrado de lado e colocar em discussão o tabu das drogas, seja no âmbito familiar ou na educação escolar.
Apoio e assino embaixo.

Déborah Rajão disse...

Luiz Armando,
Você disse muito bem. Se houvesse mais debate sobre o assunto dentro das casas e menos repressão, talvez os jovens se envolvessem menos com as drogas.
Muitos jovens acabam optando por esse caminha para preencher o espaço vazio deixado pela falta de amor,atenção e diálogo dentro de casa.
Um lar onde os pais dedicam a necessária atenção aos filhos, promovem uma conversa aberta,sem preconceitos e pautada na verdade e respeito, dificilmente os jovens sentem necessidade de buscar as drogas.E se buscam, o fazem de forma consciente e sem extrapolar os limites do bom senso.
Por tudo isso e muito mais, o debate será sempre a melhor opção.