quinta-feira, 4 de março de 2010
Futuro da nação e a televisão
Fiquei preocupada com os números da violência entre jovens, revelados por uma pesquisa realizada recentemente pela Fiocruz.
A matéria abaixo fala sobre os resultados desse estudo. A reportagem feita pela revista "Fórum outro mundo em debate" merece ser lida com muita atenção por todos. A matéria também mostra a opinião ou análise da situação por especialistas.
Segundo a reportagem, a violência é cada vez mais precoce entre os jovens casais. Foi abordada ainda a atual violência virtual, desencadeada através das redes sociais na internet. Entretanto, nenhum dos especialistas falou sobre a violência provocada pelos outros meios de comunicação, principalmente a Televisão Eles falaram da internet, do machismo, do celular entre outras causas mas ninguém falou sobre a violência incentivada pelos exemplos mostrados pelas TVs, seja através de novelas, filmes, noticiários sensacionalistas entre outros programas de mal gosto e sem conteúdo educacional, informativo e de formação de cidadania.
Agora pergunto: como um meio de comunicação como a televisão, que é uma concessão pública, nunca é cobrado ou responsabilizado pelos conteúdos que exibe? Onde andam os projetos de regionalização dos programas televisivos? De melhoria da qualidade da programação?
A maioria dos jovens brasileiros não pratica esporte, não faz teatro, não faz dança...não trabalha...Eles veem televisão. E uma televisão lixo, que oferece como referência os Dourados da vida, cheios de preconceitos, machistas, homofóbicos entre outros atributos. Uma televisão que oferece enlatados, quase sempre violentos, repletos de armas e tiros.
Não que devamos esconder determinada realidade mas, devemos mostrar todas as realidades pois não existe apenas uma. O problema é que a televisão brasileira mostra o que interessa para que ela encha os cofres e aumente seu poder. E não está nem ai se os programas são educativos ou não. Ela quer é faturar.
Por isso defendo que a televisão siga parâmetros que ajudem a formar uma juventude sadia, crítica, consciente de seus direitos, deveres e menos violenta. Isso é mais do que uma obrigação desses veículos que possuem concessão pública para operar e existir.
Deve ser priorizada a ampliação da concessão de rádios e Tvs no Brasil para que seja fortalecida a democracia e a cidadania seja fortalecida e alguns valores sociais sejam respeitados ou preservados. Defendo uma comunicação feita por todos e para todos. E que ajude a combater essa violência que cada vez mais se instala entre nossos jovens que representam o futuro da nação.
Agora, leia a matéria abaixo e se quiser deixe sua opinião sobre o assunto, pois ela será muito importante para nós.
Pesquisa revela que 90% dos jovens sofrem ou praticam violência nos relacionamentos
Da redação revista Fórum outro mundo em debate.
A violência entre casais no Brasil está mais precoce, menos unidirecional e assume também, nos dias atuais, um caráter mais virtual. Pesquisa recente, realizada pela Fundação Oswaldo Cruz em 10 capitais de todas as regiões do país, revelou que nove em cada 10 jovens na faixa etária entre 15 e 19 anos sofrem ou praticam variadas formas de violência – dentre as quais a exposição de fotos íntimas na internet como forma de humilhação.
Os dados coletados com 3,2 mil adolescentes expõem um elemento que se choca com o senso comum de que os homens são, geralmente, os agressores. Agressões verbais, como provocações, cenas de ciúmes e tom hostil, e investidas sexuais – como forçar o beijo ou tocar sexualmente o parceiro sem que este queira – fazem parte do arsenal de violência utilizado por ambos os sexos.
A pesquisadora do Centro Latino-Americano de Estudos de Violência e Saúde Jorge Careli (CLAVES/Fiocruz) Kathie Njaine, que coordenou a pesquisa “Violência entre namorados adolescentes: um estudo em dez capitais brasileiras”, destaca que o panorama deve ser refletido a partir de múltiplas causas. “A violência pode vir da família, da comunidade em que o jovem vive e da escola”, afirma.
Segundo o estudo, as garotas são, ao mesmo tempo, as maiores agressoras e vítimas de violência verbal. Por outro lado, em termos de violência sexual, os rapazes encabeçam as estatísticas como os maiores agressores. Enquanto 49% dos homens relatam praticar esse tipo de agressão, 32,8% das moças admitem o mesmo comportamento.
Na categoria das agressões físicas, que inclui tapa, puxão de cabelo, empurrão, soco e chute, os relatos revelam que os homens são mais vítimas do que as mulheres – 28,5% delas informam que agridem fisicamente o parceiro, enquanto 16,8% dos homens relataram o mesmo.
A violência manifestada em tom de ameaça – como provocar medo; ameaçar machucar; ou destruir algo de valor – já vitimou 24,2% de jovens, ao passo que 29,2% admitiram ter perpetrado este tipo de agressão. De acordo com os números, 33,3% das meninas assumem que ameaçam mais seus parceiros, e 22,6% destes confessam cometer o mesmo tipo de violência.
Uma das razões apontadas para a eclosão da violência entre os jovens casais é o machismo. A coordenadora da pesquisa afirma que nenhuma pessoa nasce machista, mas pode aprender e assumir esse papel dentro de um contexto cultural.
Ressaltando que o estudo teve como finalidade fazer um diagnóstico, e não buscar as causas, Kathie Njaine argumenta que a agressão cometida pelas meninas pode ser compreendida como uma maneira de reproduzir um modelo de comportamento que está no gênero masculino. “Em muitos momentos da pesquisa, havia meninas que falavam ‘se ele pode fazer, eu também posso’”, exemplifica, acrescentando que as agressões, neste caso, tornam-se uma moeda de revide.
A socióloga Bárbara Soares, pesquisadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC/UCAM) e ex-subsecretária de Segurança da Mulher do governo do Estado Rio de Janeiro, elogia o viés da pesquisa de jogar luz sobre a violência praticada por mulheres e por descartar o modelo esquemático que vilaniza apenas os homens e vitimiza as mulheres. Em geral, ela afirma, as pesquisas têm o hábito de ouvir muito pouco as pessoas que vivem e praticam violência. “Os técnicos e ideólogos definem o que é a violência e, a partir daí, imprimem esse discurso no outro que não é ouvido. A violência não é uma abstração na vida de quem sofre ou pratica. Ela é situada, significada, tem um sentido. Eu acho que é aí que você pode desconstruí-la”, diz a especialista.
De acordo com a pesquisadora do CESeC, é comum o pressuposto de que somente as mulheres apanham, mesmo que, pelas pesquisas nacionais e internacionais, elas sejam vítimas das violências mais graves. “Não quero dizer que não exista um componente de dominação. Ele existe, mas não é uma dominação do homem contra a mulher, é uma sociedade de dominação machista em que os homens também são dominados por essa lógica”, argumenta.
Violência virtual A eclosão precoce de violência entre os casais adolescentes revela que, desde cedo, as agressões ocupam papel importante no ambiente das relações afetivas. Nos dias atuais, é ponto pacífico que o aprimoramento das técnicas e dos meios de circulação das informações contribua decisivamente para a emergência de novos tipos de violência. A internet, nestas circunstâncias, adquire relevância e torna-se uma arma virtual nas relações entre os jovens.
Fatos e comportamentos que aconteceriam no mundo real, no dia-a-dia, acompanham essa tendência e são transportados para a rede virtual. Exposição de fotos e vídeos íntimos e publicação de hostilidades em sites e redes de relacionamento – como o orkut – são alguns dos métodos que compõem o quadro de violência existente na internet. Em conseqüência, os jovens tornam-se vulneráveis socialmente, uma vez que, por exemplo, sua relação com amigos ou a procura por empregos podem ser afetadas.
Kathie Njaine enfatiza que o relacionamento via tecnologia de informação é uma constante na vida dos jovens, o que potencializa o risco de agressões. “Na medida em que você publica uma notícia na internet, isso tem uma capacidade de se disseminar amplamente. O impacto de uma humilhação ou de uma fofoca é muito grande. O grau de exposição de uma situação é alto, não só em palavras como em imagens também”, afirma.
Para Bárbara Soares, isso exige novas respostas em termos de prevenção. “Todos os problemas vão se transformando na medida em que os meios de comunicação de relações interpessoais se transformam. Atualmente, muitos problemas se transferiram para a dimensão do espetáculo, da visibilidade, da exposição pública do crime mais banal até as relações íntimas. Então, acho que é preciso repensar em primeiro lugar a própria noção do que seja violência, atualizando o repertório que faz parte do nosso catálogo, e começar a refletir formas específicas de prevenir mais este tipo de violência”, explica a socióloga.
De acordo com ela, a exposição de imagens íntimas afeta mais as mulheres, porque envolve uma cultura de privacidade, pudor e do uso da pessoa como um objeto do prazer. Para os homens, em contraposição, predomina a valorização de sua potência sexual, vista como um troféu a ser exibido.
“O telefone celular e a internet são tecnologias que estão mudando a nossa sociabilidade, nossos comportamentos e pensamentos. Há uma noção de que você só existe se, de alguma forma, for visível. No entanto, há risco de que essa visibilidade seja mais um elemento de violência”, acrescenta Bárbara, reforçando que as campanhas de prevenção precisam ter um olhar mais amplo, menos maniqueísta e menos esquemático e que considerem a violência e suas múltiplas causas e linguagens.
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Um comentário:
Amei tudo que você escreveu, é muito bom saber que ainda no meio de jornalistas e radialista ainda existam pessoas como você. Faço um trabalho aqui na minha pequena Cidade de Abaetetuba-pa, com jovens ensinando-os valores que já foram perdidos, esquecidos, hoje vivemos a geração do tu. Luto para que volte a geração do, SENHOR PAPAI, SENHORA MAMÃE, respeitos pelos mais velhos.
Um grande abraço grande guerreira.
ALDO FERREIRA.
e-mail andarilhosol@gmail.com
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