Dia desses comentava com meu marido sobre a destruição de imóveis, antigos ou nem tanto, que estava presenciando ao andar pelas ruas da cidade. Casas e prédios mais velhos que contam um pouco da história de Belo Horizonte estão sendo dizimados pela especulação imobiliária na capital mineira.
Todos os dias assistimos a esses prédios e casas serem derrubados, um a um, para dar lugar a novos e enormes edifícios que pipocam pela cidade, principalmente na zona sul. A cidade também está cada vez mais empoeirada pelas obras seguidas e intermináveis.
Fico triste de ver nossa Belo Horizonte ter destruída grande parte de sua memória arquitetônica para atender os interesses de grupos econômicos.
Esperamos que com as as regras do novo plano Diretor de uso e ocupação do solo de Belo Horizonte, que definem as regras do setor, sejam cumpridas e fiscalizadas. Se não houver limites, em pouquíssimos anos Belo Horizonte inteira vai se transformar em um extenso arranha-céu. Lamentável mas, será esta a realidade de um futuro breve se nada for feito para conter isso.
Por coincidência, poucos dias após conversar sobre este assunto, encontrei a matéria publicada hoje pelo site www.uai.com.br e que mostra perfeitamente como eu estava certa na minha percepção de que nossa história vem sendo destruída todos os dias:
Prédios antigos são demolidos para virar condomínios de luxo
Falta de terrenos na Região Centro-Sul de Belo Horizonte leva construtoras a cobiçar edifícios pequenos e antigos encravados nas áreas mais valorizadas
Euler Júnior/EM/D.A Press |
Imóvel de 1961 que fica na R. Cláudio Manoel está sendo demolido para dar lugar a empreendimento de 15 andares |
26 de agosto de 2010 - A especulação imobiliária – que não poupa as casas históricas e supervaloriza os terrenos – também está derrubando os prédios de três andares da Região Centro-Sul de Belo Horizonte. A onda atinge pequenos imóveis bem localizados e com décadas de edificação. Comprados pelas construtoras por uma pequena fortuna, os predinhos dão lugar a edifícios maiores e pomposos, ao gosto das regras do mercado, com várias vagas de garagem, espaços de lazer e todas as bossas que são oferecidas pela moda do momento.
Na Rua Cláudio Manoel, na Savassi, o prédio construído em 1961 já está com as paredes internas derrubadas e sem as janelas. Na grade, uma faixa anuncia que o material de demolição está à venda. Para chegar ao atual estágio foi necessário mais de um ano de negociação. A antiga síndica do prédio, Sandra Almeida, conta que a construtora fez uma sondagem inicial e pediu que os moradores enviassem uma proposta. Depois de oito meses, as negociações foram retomadas e há dois meses Sandra deixou o apartamento em que morou por quase 50 anos. O dinheiro foi destinado à compra de um imóvel no Bairro de Lourdes. “As pessoas têm que entender que, nesse tipo de negociação, não estamos vendendo o apartamento, mas o terreno. A construtora quer comprar a área”, ressalta a ex-síndica.
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Apesar desse porém, Sandra Almeida acredita que os moradores fizeram um ótimo negócio. “A construtora havia comprado o terreno ao lado, que era um estacionamento, e também estava negociando com outro prédio. Vendemos na hora certa”, afirma. Quem comprou o pequeno prédio foi a Construtora Garcia. De acordo com o proprietário, João Henrique Garcia, a empresa pagou R$ 6 mil por metro quadrado do terreno, o que, em média, rendeu R$ 480 mil para cada morador. Na área, somada ao lote vizinho, será construído um prédio de 15 andares, com 60 apartamentos. "Há uma carência imensa de terrenos em Belo Horizonte e, como existem prédios ultrapassados, em que o apartamento pequeno tem baixo valor comercial e o terreno é muito valorizado, essa é uma opção", explica Garcia.
O negócio é uma reação à falta de terrenos na Região Centro-Sul da capital. "Há poucas áreas para alto luxo e os preços estão em patamares muito elevados, o que dificulta os negócios. A partir daí, surge a oportunidade natural de prédios antigos", afirma Evandro Negrão de Lima, vice-presidente da Câmara do Mercado Imobiliário e Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (CMI/Secovi-MG). Para os moradores, os prédios passaram a valer não pelos apartamentos, mas pelo terreno. "São prédios antigos, geralmente com parte hidráulica e elétrica deteriorados, que teriam custo muito elevado para serem adequados às atuais exigências. Por isso, a venda passou a ser vantajosa para os moradores, que ganharam com a valorização dos terrenos", observa Bráulio Franco Garcia, diretor da Área Imobiliária do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG).
Os 12 proprietários de apartamentos do simpático prédio na Rua Felipe dos Santos, no Bairro de Lourdes também já receberam sondagens para vender os imóveis. O tamanho do terreno é um chamariz: 1, 6 mil metros quadrados. Um morador que prefere não se identificar diz que a tendência é que as negociações aconteçam se o valor pago no metro quadrado for de R$ 10 mil, o que daria R$ 16 milhões, ou cerca de R$ 1,33 milhão para cada apartamento. “O negócio tem que valer a pena. Por que eu venderia um apartamento aqui, em uma ótima região, para o qual pago um condomínio de R$ 330? Se não vender bem, não consigo comprar outro”, diz o morador.
BARREIRAS
O pensamento dele é o mesmo da assistente social Déa de Oliveira, moradora de um apartamento na Rua Fernandes Tourinho. Ela conta que, no último ano, as conversas de que construtoras estão interessadas em comprar o prédio se intensificaram. São nove apartamentos, com cerca de 100 metros quadrados cada, e ela acredita que o valor de mercado seria cerca de R$ 300 mil. “Mesmo se aparecesse uma proposta muito boa eu não venderia. Com todos esses prédios sendo construídos, a região está ficando muito valorizada e ficaria muito difícil comprar outro apartamento aqui”, afirma Déa.
A dificuldade de fechar negócio com todos os moradores é um impeditivo para esse tipo de negócio. O Grupo Maio-Paranasa demorou um ano para concluir as negociações com 16 famílias divididas entre quatro casas e um prédio de 12 apartamentos. O terreno de 2.520 metros quadrados dará lugar aos hotéis Formule 1 e Ibis, localizados na Rua Gonçalves Dias com Rio Grande do Norte, no Bairro Funcionários. "O prédio de 50 anos estava exatamente na esquina e compunha a geometria do terreno, por isso a importância de adquirirmos a área de 600m² que ocupava", explica o diretor de desenvolvimento imobiliário do grupo, Jânio Valeriano Alves. O empresário não divulga o valor pago aos moradores, mas calcula que do investimento total previsto em R$ 100 milhões, entre R$ 15 milhões e R$ 18 milhões tenham sido destinados à aquisição dos terrenos.
Na Rua Cláudio Manoel, na Savassi, o prédio construído em 1961 já está com as paredes internas derrubadas e sem as janelas. Na grade, uma faixa anuncia que o material de demolição está à venda. Para chegar ao atual estágio foi necessário mais de um ano de negociação. A antiga síndica do prédio, Sandra Almeida, conta que a construtora fez uma sondagem inicial e pediu que os moradores enviassem uma proposta. Depois de oito meses, as negociações foram retomadas e há dois meses Sandra deixou o apartamento em que morou por quase 50 anos. O dinheiro foi destinado à compra de um imóvel no Bairro de Lourdes. “As pessoas têm que entender que, nesse tipo de negociação, não estamos vendendo o apartamento, mas o terreno. A construtora quer comprar a área”, ressalta a ex-síndica.
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Apesar desse porém, Sandra Almeida acredita que os moradores fizeram um ótimo negócio. “A construtora havia comprado o terreno ao lado, que era um estacionamento, e também estava negociando com outro prédio. Vendemos na hora certa”, afirma. Quem comprou o pequeno prédio foi a Construtora Garcia. De acordo com o proprietário, João Henrique Garcia, a empresa pagou R$ 6 mil por metro quadrado do terreno, o que, em média, rendeu R$ 480 mil para cada morador. Na área, somada ao lote vizinho, será construído um prédio de 15 andares, com 60 apartamentos. "Há uma carência imensa de terrenos em Belo Horizonte e, como existem prédios ultrapassados, em que o apartamento pequeno tem baixo valor comercial e o terreno é muito valorizado, essa é uma opção", explica Garcia.
O negócio é uma reação à falta de terrenos na Região Centro-Sul da capital. "Há poucas áreas para alto luxo e os preços estão em patamares muito elevados, o que dificulta os negócios. A partir daí, surge a oportunidade natural de prédios antigos", afirma Evandro Negrão de Lima, vice-presidente da Câmara do Mercado Imobiliário e Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (CMI/Secovi-MG). Para os moradores, os prédios passaram a valer não pelos apartamentos, mas pelo terreno. "São prédios antigos, geralmente com parte hidráulica e elétrica deteriorados, que teriam custo muito elevado para serem adequados às atuais exigências. Por isso, a venda passou a ser vantajosa para os moradores, que ganharam com a valorização dos terrenos", observa Bráulio Franco Garcia, diretor da Área Imobiliária do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG).
Os 12 proprietários de apartamentos do simpático prédio na Rua Felipe dos Santos, no Bairro de Lourdes também já receberam sondagens para vender os imóveis. O tamanho do terreno é um chamariz: 1, 6 mil metros quadrados. Um morador que prefere não se identificar diz que a tendência é que as negociações aconteçam se o valor pago no metro quadrado for de R$ 10 mil, o que daria R$ 16 milhões, ou cerca de R$ 1,33 milhão para cada apartamento. “O negócio tem que valer a pena. Por que eu venderia um apartamento aqui, em uma ótima região, para o qual pago um condomínio de R$ 330? Se não vender bem, não consigo comprar outro”, diz o morador.
BARREIRAS
O pensamento dele é o mesmo da assistente social Déa de Oliveira, moradora de um apartamento na Rua Fernandes Tourinho. Ela conta que, no último ano, as conversas de que construtoras estão interessadas em comprar o prédio se intensificaram. São nove apartamentos, com cerca de 100 metros quadrados cada, e ela acredita que o valor de mercado seria cerca de R$ 300 mil. “Mesmo se aparecesse uma proposta muito boa eu não venderia. Com todos esses prédios sendo construídos, a região está ficando muito valorizada e ficaria muito difícil comprar outro apartamento aqui”, afirma Déa.
A dificuldade de fechar negócio com todos os moradores é um impeditivo para esse tipo de negócio. O Grupo Maio-Paranasa demorou um ano para concluir as negociações com 16 famílias divididas entre quatro casas e um prédio de 12 apartamentos. O terreno de 2.520 metros quadrados dará lugar aos hotéis Formule 1 e Ibis, localizados na Rua Gonçalves Dias com Rio Grande do Norte, no Bairro Funcionários. "O prédio de 50 anos estava exatamente na esquina e compunha a geometria do terreno, por isso a importância de adquirirmos a área de 600m² que ocupava", explica o diretor de desenvolvimento imobiliário do grupo, Jânio Valeriano Alves. O empresário não divulga o valor pago aos moradores, mas calcula que do investimento total previsto em R$ 100 milhões, entre R$ 15 milhões e R$ 18 milhões tenham sido destinados à aquisição dos terrenos.
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