O governador de Minas Gerais, Antônio Augusto Anastasia, assinou no dia 17 de junho de 2010 um decreto que abre caminho para as desapropriações de terras e supressão de mata atlântica em Conceição do Mato Dentro e vários outros municípios, com o objetivo de viabilizar o mineroduto Minas-Rio.
Fiquei sabendo dessa notícia por um amigo que enviou-me trechos do decreto publicado no diário oficial do estado, o "Minas Gerais", no dia 18 de junho de 2010. O estranho é que esse decreto não é identificado por nenhum número e isso o torna mais difícil ainda de ser acessado.
Agora não há mais dúvida sobre o meio de transporte do minério escolhido pela Anglo Ferrous, com a aquiescência do Governo de Minas. Havia uma certa expectativa de que o transporte pudesse ser feito por outro modo, por exemplo, via férrea. Acabou falando mais alto o aspecto econômico, pois o preço do quilômetro de via férrea é consideravelmente mais alto do que o do mineroduto.
O aspecto negativo do transporte por mineroduto é ambiental. É que uma quantidade importante da água de Conceição do Mato Dentro será disponibilizada exclusiva e permanentemente para o transporte do minério através do bombeamento de uma pasta composta de água misturada ao minério.
Os proprietários das glebas constantes do decreto, poderão sofrer três tipos de intervenção em suas propriedades:
1) desapropriação, isto é, perder a propriedade mediante prévia indenização;
2) servidão, isto é, ter que suportar a passagem do mineroduto em suas terras, mantendo a propriedade, à semelhança do que ocorre quando uma linha de transmissão de energia elétrica atravessa uma fazenda ou sítio.
3) ocupação temporária, isto é, ter de suportar os transtornos causados pelas atividades de instalação do mineroduto, como a passagem e permanência de homens, máquinas e materiais, abertura de estradas temporárias, etc.
O decreto também prevê a supressão da vegetação inserida no bioma da Mata Atlântica da região de Conceição do Mato Dentro e dos demais municípios afetados pelo projeto de exploração mineral.
Leia alguns trechos do decreto do Governador Antônio Augusto Anastasia:
DECRETO SEM NÚMERO, DE 17 DE JUNHO DE 2010 (Excertos)
(Disponível no “MINAS GERAIS”, de 18/06/2010, p. 1 e seguintes)
Ementa: Declara de utilidade pública, para desapropriação, constituição de servidão ou ocupação temporária, terrenos situados nos Municípios que menciona, necessários ao depósito de solo excedente das obras de implantação do Mineroduto Minas-Rio, em favor da empresa Anglo Ferrous Minas-Rio Mineração S.A., e dá outras providências.
“(…) Ficam declarados de utilidade pública (…) faixas de terra delimitadas no Anexo (…) A CODEMIG fica autorizada a promover a desapropriação (…) podendo, para efeito de imissão na posse, alegar a urgência de que trata o art. 15 do Decreto-Lei Federal nº 3.365, de 1941 (…) Na execução das obras de que trata este Decreto, poderá ser autorizada a supressão da vegetação inserida no Bioma da Mata Atlântica, na forma do art. 32 da Lei Federal nº 11.428, de 22 de dezembro de 2006 e no art. 36 da Lei nº 14.309, de 19 de junho de 2002. (…)
Antônio Junho Anastasia
Danilo de Castro
Renata Maria Paes de Vilhena
Sérgio Alair Barroso”
O “Anexo” do decreto, contém a descrição de centenas de glebas localizadas em vários municípios mineiros, dentre eles, Conceição do Mato Dentro, Morro do Pilar, Santo Antônio do Rio Abaixo, São Sebastião do Rio Preto, Itambé do Mato Dentro, Passabem, Santa Maria de Itabira, Nova Era, Rio Casca, Abre Campo, Pedra Bonita, Fervedouro, Carangola, Tombos, Antônio Dias.
4 comentários:
Lastimável!
Bom dia, srª Deborah! Para minha surpresa e de minha família, soubemos informalmente que o minedoruto passará em nossas terras (Viçosa-MG), pequeno sítio conquistado com muito esforço, na fazenda do avô de meu esposo. Nesta pequena gleba, há água corrente em abundância, árvores centenárias, mata virgem, entre outras riquezas que, com muita honra, pretendíamos conservar para garantia do futuro de nossa filha e sua geração. Estamos imensamente preocupados com tal obra... Independente de valores monetários, o prejuízo ambiental é imensurável. Um patrimônio natural preservado por gerações corre o risco de degradação instantânea.
(Cleide Carlesso Sena - ES)
Lamentável, Cleide.Infelizmente essas empresas não estão nem um pouco preocupadas com a questão ambiental nem social e cultural das comunidades. Literalmente tratoram nossas áreas verdes, acabam com nossas águas e rios e nem sen preocupam com o futuro do planeta.
Na verdade, a única coisa que importa para esses empresários é o dinheiro. Aos cidadãos comuns como nós, só resta lamentar e sofrer com tamanha destruição e desrespeito.
Uma coisa eu lhe digo: esse processo é irreversível e conta com o apoio incondicional do governo do estado, haja vista esse decreto.
Aconselho que comece desde já a se informar sobre o assunto com um advogado para que vocês pelo menos possam garantir seus direitos referentes ao sítio e não serem prejudicados.
Um grande abraço pra você e obrigada pela visita.
Débora sou,assumidamente,um conceicionense de coração,amo esta terra,amo este povo,adoooooooooooro o Senhor Bom Jesus de Matozinho:o seu trono,o seu santuário;irrita-me,a ponto de sair lágrimas em meus olhos,ver que a minha e nossa Conceição do Mato Dentro está sendo violentada,desculpa-me um termo pior,estuprada,para satisfazer um grupinho de soberbos,egoístas,ricos às custas de pobres.Ah,mas chorando lhe digo Débora,não é a toa que o Bom Jesus está de braços abertos nesta "formosa colina"!Justiça virá,quem viver verá.Sinto que boa parte deste bom povo está ludibriado,enganado,seduzido.Mais cedo ou mais tarde a máscara da mentira vai cair"derruba os poderosos de seus tronos e eleva os humildes,sacia de bens os famintos e despede os ricos de mãos vazias",é este o projeto de Deus.E tenha certeza Débora "o céu e a terra passarão mas a Minha palavra não passará"diz Jesus;e eu confio piamente.Pode me chamar de covarde ,assumo,mas aos pés do Santíssimo Sacramento não paro de pedir a Deus:salva Senhor a terra,o povo de Conceição do Mato Dentro.
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