segunda-feira, 27 de julho de 2009

O lixo é um luxo! Reciclar é preciso!



Sempre me interessei pelas questões ligadas à preservação ambiental. Vejo com grande tristeza que nós, seres humanos, a cada dia nos distanciamos cada vez mais de nossa origem animal e rompemos nossos vínculos com a mãe natureza.
Com o objetivo de contribuir e ajudar a conscientizar as pessoas sobre a importância de se respeitar a natureza, criei o quadro Portal Ecológico no programa Revista da Tarde, que apresento de segunda a sexta-feira na Rádio Inconfidência AM 880.

Um dos assuntos que sempre focalizo no Portal Ecológico é sobre a reciclagem, pois considero super importante o reaproveitamento de materiais que um dia foram extraídos da natureza e depois de um tempo a ela retornam em forma de poluição.

Porém, defendo uma coisa antes da reciclagem: o consumo consciente. Acho que deveríamos consumir menos, muito menos. Compramos muito mais do que necessitamos. Comemos muito mais do que sentimos vontade. Desperdiçamos também. Entendo que nem sempre somos vilões e que também somos vítimas desse capitalismo desenfreado. Sei que sofremos bombardeios midiáticos que nos levam a querer comprar mais e mais...porém, até quando? Temos que dizer não a esses apelos!

Mas, já que consumimos tanto pelo menos deveríamos compensar essa má atitude reciclando o máximo possível.

Eu fiquei super feliz o dia em que a Prefeitura de Belo Horizonte implantou a coleta seletiva em minha rua. Meu maior sonho era poder reciclar ao máximo os produtos que consumo.

Na minha rua, a coleta seletiva acontece sempre às quartas-feiras. Durante toda a semana eu armazeno todo o material que pode ser reciclado, como latas, sacos plásticos, vidros, caixas de leite longa vida , entre outros. Lavo sempre todo o material e deixo secar antes de armazenar em sacos plásticos. Faço com sincero prazer esse trabalho, que considero mínimo e mais do que minha obrigação.

Acho que todo mundo deveria fazer isso. Nós somos responsáveis pela destruição da natureza e temos a obrigação de pelo menos tentar minimizar os impactos que lhe causamos.

Os recursos naturais de nosso planeta não são eternos. Um dia eles se esgotarão se nada for feito para conter o consumo desvairado. Acho que os governantes dos diversos países deveriam também promover o controle eficaz e equilibrado da natalidade em todo o mundo. Cada indivíduo que nasce representa um impacto a mais na natureza, por anos a fio.

Considero um absurdo que a reciclagem não seja uma política de governos em parceria com a iniciativa privada. Já que impactam para lucrar, que tenham a obrigação de minimizar os prejuízos ambientais que provocam.

Defendo que se torne lei a implantação de usinas de reciclagem e compostagem de lixo nos municípios brasileiros. Essas usinas promovem emprego, renda e ajudam a limpar mais e destruir menos o meio ambiente. Belo Horizonte vem implantando esse sistema de forma gradativa porém, lenta, pois são pouquíssimos os bairros onde a coleta seletiva é feita. Uma pena!

Você sabia que centenas de pessoas vivem do lixo em Belo Horizonte? Para os catadores, o lixo é um luxo, como diz dona Geralda, mineira de 56 anos, cujo nome é Maria das Graças Marçal, fundadora e diretora financeira da Associação dos Catadores de Papel e Material Reciclável de BH- Asmare, projeto social que atende 257 catadores.

Eu tive o prazer de receber Dona Geralda no Prosa de Mulher, programa que apresento aos sábados na Rádio inconfidência AM 880, de 12 às 14 horas e onde entrevisto e converso com mulheres maravilhosas que tem muito o que contar.

Dona Geralda disse que o lixo é um luxo e promove a subsistência e garante uma vida digna e cidadã a essas centenas de pessoas em BH. Pessoas que antes eram consideradas excluídas, à margem da sociedade e que hoje são reconhecidas pelo papel super importante que exercem que é de ajudar a limpar acidade e diminuir os impactos ambientais.

Dona Geralda disse que um dos momentos mais felizes da vida dela foi quando ela descobriu a importância do trabalho que realiza e que lhe fez merecer o prêmio Unesco, em 1999, na categoria Ciência e Meio Ambiente. Dona Geralda foi pessoalmente recebê-lo em Nova York. O que mais a impressionou na cidade foi o que os americanos jogam fora. "Aquilo não é lixo, é luxo! Deu vontade de catar tudo e trazer para cá", disse ela no Prosa de Mulher.

Realmente é lamentável que não tenhamos em nosso país uma política disseminada de reciclagem. Por conta disso, além dos prejuízos ambientais, o Brasil deixa de ganhar por ano 12 bilhões de reais, como vai ler nesta reportagem do Estadão. A falta de uma política de reciclagem é tão absurda que o Brasil agora importa o lixo de outros países e deixa o nosso lixo ir pro lixo literalmente.


Acho que cada um de nós deveria procurar refletir sobre qual é o nosso papel na sociedade, no planeta, na natureza pois todos somos responsáveis pelas nossas ações mas, também por tudo aquilo que deixamos de fazer!

Façamos, portanto, a nossa parte, antes que seja tarde demais!


Lixo: em 1 ano, Brasil importa 175,5 mil t

País deixa de reciclar 78% dos resíduos sólidos que produz
Adriana Carranca

O Brasil importou, oficialmente, mais de 223 mil toneladas de lixo desde janeiro de 2008, a um custo de US$ 257,9 milhões. No mesmo período, deixou de ganhar cerca de US$ 12 bilhões ao não reciclar 78% dos resíduos sólidos gerados em solo nacional e desperdiçados no lixo comum por falta de coleta seletiva - o País recicla apenas 22% do seu lixo. A indústria nacional, que reutiliza os reciclados como matéria-prima na fabricação de roupas, carros, embalagens e outros, absorve mais do que o País consegue coletar e reciclar. Daí a necessidade de importação.

A destinação do lixo urbano é uma atribuição constitucional das prefeituras, mas apenas 7% dos 5.564 municípios brasileiros têm coleta seletiva. Com isso, no ano passado, pelo menos 175,5 mil toneladas de resíduos de plástico, papel, madeira, vidro, alumínio, cobre, pilhas, baterias e outros componentes elétricos - e até as cinzas provenientes da incineração de lixos municipais - tiveram de ser importadas. Entre janeiro e junho deste ano, foram importadas outras 47,7 mil toneladas.

Mesmo importando, as 780 empresas de reciclagem brasileiras, hoje, atuam com 30% da capacidade ociosa por falta de matéria-prima, segundo a Plastivida Instituto Socioambiental dos Plásticos. Um exemplo: mais de 40% do PET reciclado é absorvido pela indústria têxtil na fabricação de fios e fibras de poliéster - duas garrafas se transformam em uma blusa. O Brasil teria condições de abastecer essa indústria, não desperdiçasse 50% do PET no lixo comum, por falta de coleta seletiva. A falta do material fez disparar o preço da tonelada no mercado interno, equiparando-se ao valor do importado, entre R$ 700 e R$ 900. Resultado: enquanto sobravam garrafas boiando no poluído Rio Tietê, as recicladoras tiveram de importar 14 mil toneladas de plástico para reciclagem no ano passado, 75% mais do que em 2007.

O mesmo ocorre com resíduos de alumínio, que lideram a importação, usados na indústria automobilística - só no ano passado, o Brasil importou 92,7 mil toneladas do material retirado do lixo de outros países. Já o cobre é reaproveitado para fiação, componentes elétricos são usados em corantes e tintas, além de vidro e papel, reutilizados pelas indústrias do setor.

"Se existisse uma política nacional de reciclagem não seria preciso Bolsa-Família. O dinheiro do lixo renderia aos brasileiros o mesmo benefício, além de emprego", ironiza o presidente do Instituto Brasil Ambiente, Sabetai Calderoni, autor do livro Os Bilhões Perdidos no Lixo e consultor da Organização das Nações Unidas e do Banco Mundial para a área ambiental. "Só faz sentido o Brasil importar esse material porque as redes de captação e separação não funcionam. Faltam PET e outros resíduos no mercado nacional."

São Paulo, maior geradora de resíduos do País, deixa de arrecadar anualmente US$ 840 milhões ao reciclar apenas 30% do lixo gerado na cidade - os outros 70% são desperdiçados em aterros superlotados ou irregulares, o que resulta em danos ambientais. No Estado, um em cada cinco aterros opera sem licença da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb).

O projeto de lei para uma Política Nacional de Resíduos Sólidos, que cria parâmetros para reciclagem e regulamenta a obrigatoriedade dos municípios na coleta seletiva, tramita no Congresso desde 1991. Enquanto não for aprovado, os resíduos continuarão a ser importados. Para os países exportadores, não existe melhor negócio. "Em países como Inglaterra, a destinação do lixo industrial é responsabilidade de quem gera e despejá-los nos aterros sanitários é muito caro. E a indústria recicladora desses países não tem capacidade para absorver todo o lixo gerado. Exportar é uma saída", diz o diretor executivo da associação Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre), André Vilhena.

"A falta de coleta seletiva abre espaço para a importação de lixo, inclusive ilegal", diz o presidente da Cempre, Francisco de Assis Esmeraldo. Em 2008, a reciclagem de plásticos faturou R$ 1,8 bilhão e criou 20 mil empregos diretos. Mas, apenas 21% do produto encontrado no lixo do Brasil foi aproveitado. "Gastamos milhões de dólares, na última década, para desenvolver uma indústria de reciclagem capaz de dar uma destinação para o descarte no Brasil, mas hoje cuidamos do lixo de fora, enquanto o nosso continua a lotar os aterros", esbraveja o presidente da Associação Brasileira da Indústria do PET, Auri Marçon.

Fonte: estadãohttp://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090726/not_imp408378,0.php, acesso em 26/07/2009

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