segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Que venham apenas as flores!



Nesta segunda-feira, véspera do início da primavera, previsto para as 18h18min desta terça-feira, 22 de setembro, caiu uma forte chuva em BH. A tempestade, que durou cerca de 1 hora, fez estragos por toda a cidade: derrubou árvores, postes e deixou vários bairros sem luz, entre eles o Luxemburgo, onde moro.

Ficamos sem energia elétrica por quase 3 horas. Tentei ligar várias vezes para o 116 da Cemig, porém, quando mais precisamos falar com a empresa, o telefone está sempre ocupado. Creio eu, devido ao grande número de chamadas e à falta de infra-estrutura para atender os clientes quando eles realmente precisam de uma explicação ou orientação. Impressionante, a empresa que cobra a tarifa de luz mais cara do país, não consegue atender seus clientes quando falta energia.

Realmente estou bem preocupada com este próximo período chuvoso, pois as tempestades estão cada vez mais comuns e segundo os meteorologistas, este ano as chuvas serão fortes e intermitentes. O resultado poderá ser o que já vimos várias outras vezes: tragédias como desabamentos, enchentes e mortes, principalmente em áreas de risco.

E eu pergunto: por que nossas cidades nunca estão preparadas para o período chuvoso?

Por que todos os anos a história se repete e somos obrigados a acompanhar de novo os vários casos de enchentes, desabamentos e mortes como se fosse um replay de um velho, conhecido e assustador filme?

Alguns governantes atribuem as tragédias ao excesso de chuvas como se a culpa pelos acidentes e avarias durante as tempestades fosse apenas de São Pedro. Mesmo sendo leiga no assunto creio que muitos problemas causados pelas chuvas poderiam ser evitados com vontade política, planejamento, trabalho preventivo e mais respeito para com os cidadãos.

Já que o clima mudou, o aquecimento global é uma realidade e as tempestades são cada vez mais constantes, os governantes e suas cidades também têm que se adequar e se preparar para conviver bem com essas mudanças ambientais. Estudos precisam ser elaborados e as cidades precisam ter planos bem estruturados para enfrentar as adversidades do clima.

Um dos fatores que considero fundamental para a ocorrência de enchentes e alagamentos em Belo Horizonte é que a cidade se torna cada vez mais impermeabilizada por conta da especulação imobiliária desenfreada e sem limites. Estamos cercados de asfalto por todos os lados. Prédios e mais prédios são construídos todos os dias por todos os cantos e recantos da capital mineira e a água das chuvas, que são cada vez mais intensas, não tem como ser absorvida pelo solo e corre diretamente para as galerias e cursos d`água que não foram planejados para comportar índices pluviométricos tão elevados. Outro problema são as bocas de lobo sujas e entupidas por garrafas pet e sacolas de plástico que não permitem a vazão da água.

Também é notório que todas as vezes que chove forte em BH árvores caem sobre veículos, fiação elétrica e ruas. Belo Horizonte possui milhares de árvores antigas, centenárias, que precisam ser melhor avaliadas quanto ao risco de provocar danos em caso de tempestades.

Hoje mesmo algumas caíram sobre um carro no bairro Caiçara e sobre fiação elétrica no Sagrada Família. No total foram 120 árvores derrubadas na capital durante a tempestade. E eu pergunto : será que isso não poderia ter sido evitado? A prefeitura não tem como realizar um trabalho preventivo de checar a qualidade e resistência das árvores de Belo Horizonte? Se isso fosse feito, diminuiriam os acidentes e seria um problema a menos na cidade.

Sei que existem situações difíceis de se prever quando o assunto são os fenômenos naturais mas, afirmo que vários problemas e acidentes decorrentes de tempestades deixariam de existir se fosse realizado um trabalho preventivo, sério e competente, durante todo o ano, a começar pela limpeza das bocas de lobo e até mesmo por campanhas de conscientização da população sobre o assunto já que também não adianta a prefeitura limpar e as pessoas continuarem a sujar.

Nós, cidadãos, também temos que fazer a nossa parte e ajudar a manter a cidade limpa, não deixar o lixo se espalhar pelas ruas e respeitar o espaço urbano. Temos o dever de dar a nossa contribuição pois a cidade é a nossa casa e devemos cuidar dela com o mesmo carinho que cuidamos do nosso lar.

Devemos ainda ficar atentos e cobrar empenho e trabalho dos administradores. Não podemos aceitar as tragédias como simples resultado da vontade de Deus pois muitas delas poderiam ser evitadas com medidas simples, de baixo custo e com um pouco mais de respeito aos direitos do cidadão.

No mais, uma boa primavera para todos nós. Que venham as flores com suas cores e cheiros diversos para enfeitar e alegrar nossos dias. E que tenhamos menos mortes, prejuízos e tristezas neste próximo período chuvoso. Assim seja!

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